A Saúde pública no Grande ABC está sendo cada vez mais exigida. Nos últimos meses, a pressão sobre o SUS (Sistema Único de Saúde) aumentou consideravelmente devido ao grande número de pessoas que, por causa do fechamento de postos de trabalho decorrente da crise econômica, ficaram sem alternativa dos convênios particulares custeados pelo empregador. O recrudescimento da procura, todavia, não veio acompanhado pela alta de investimentos em profissionais e equipamentos. Pelo contrário.

Envolto em problemas orçamentários desde que assumiu a Presidência da República, após os desastres ético e econômicos patrocinados por 13 anos de governo petista, Michel Temer (MDB) foi obrigado a impor medidas austeras para equilibrar as contas. Entretanto, o presidente fez algumas escolhas erradas na hora de priorizar gastos. Uma delas foi justamente na questão da Saúde.

Dados divulgados pelo FNS (Fundo Nacional de Saúde) mostram que as sete cidades receberam em 2017 aproximadamente R$ 737 milhões em recursos do SUS, valor 3% menor do que o obtido no ano anterior. Tudo isso exatamente no momento em que a procura pelo serviço público, como confirma agora a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), estourou no Grande ABC. Por causa do desemprego, 36.112 pessoas deixaram de, em um intervalo de nove meses, ter acesso a convênio médico, tendo de recorrer à rede do governo em caso de necessidade de atendimento.

É evidente que a gestão de Temer precisa impor limites aos gastos públicos, mas alguns setores deveriam ter ficado imunes aos cortes. Saúde e Educação, pela importância social, teriam de ser tratados como exceção na correta política de austeridade implantada pelo Palácio do Planalto. Do jeito que as restrições orçamentárias foram realizadas, é muito provável que a situação de quem busca amparo nos postos e hospitais mantidos pelo SUS piore consideravelmente – afinal, mesmo sem o contingente extra de pessoas, a eficiência do sistema já era bastante questionada.