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Mercado ilegal fomenta roubo de celulares no Grande ABC

Aparelhos são facilmente comercializados à luz do dia, na Praça 22 de Novembro, em Mauá

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
06/02/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Fora da caixa, sem nota fiscal e tampouco garantia. Em Mauá, é dessa forma que aparelhos celulares sem procedência conhecida são vendidos, a céu aberto, no Centro da cidade, diariamente. O mercado clandestino de compra e venda do produto fomenta o tipo de delito na região.

Considerada uma das mercadorias mais cobiçadas por criminosos, conforme mostrado ontem pelo Diário – a cada uma hora, três pessoas têm celulares roubados –, os aparelhos são retirados de mochilas ou de dentro de pacotes, carregados por ambulantes irregulares na Praça 22 de Novembro. A área fica a menos de dois quilômetros de distância da sede da Prefeitura de Mauá e das dependências do 1º DP (Centro).

Ontem, durante uma hora e meia, a equipe do Diário acompanhou de perto a rotina de pessoas que mantêm mercado clandestino de forma escancarada. “Sempre foi assim. A polícia passa e ninguém fica com medo”, disse uma comerciante que não quis de identificar.

Oferecidos para pedestres a preços até três vezes mais baixos do que os encontrados em lojas regularizadas, os aparelhos são facilmente comprados por consumidores comuns que, cientes ou não, cometem crime de receptação – sujeito a prisão que varia de um mês em ação culposa (sem intenção) até quatro anos de detenção em situação dolosa (com intenção).

“O mercado ilegal só existe porque existem compradores para esses produtos. O pior é que as pessoas, no fundo, sabem que o celular tem procedência duvidosa e optam por comprar, alimentando o roubo desses equipamentos”, avalia o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello.

Em Mauá, a maior parte dos celulares ofertados na Praça 22 de Novembro é adquirida sem acessórios básicos, como carregador e fone de ouvido. Nada que possa frustrar a negociação do produto. “Se fosse você levava logo, antes que outro compre. Aqui o mercado é ágil”, diz um vendedor clandestino durante negociação feita com a equipe do Diário.

Ao todo, foram três tentativas de compra realizadas, todas para consulta de preço. Numa delas, um dos vendedores – que, para despistar o policiamento, também comercializa cigarros e bebidas em pequeno carrinho – chegou a ofertar smartphone Motorola Moto G3, que atualmente é comercializado em lojas oficiais pelo preço de R$ 859, pela quantia de R$ 300.

Outros dois aparelhos retirados da pochete do vendedor foram ofertados, os dois ainda com acesso às contas de WhatsApp e Facebook dos antigos usuários. “É só apagar que não dá BO nenhum. Qualquer coisa configuramos o aparelho aqui mesmo, mas nenhum tem rastreador. É de boa”, garantiu o ambulante. Ele ainda sugeriu que a equipe do Diário procurasse outro grupo, instalado nas proximidades, que teria em mãos aparelhos da Apple, como o Iphone.

Delegado titular do 1º DP (Centro), José Carlos de Melo reconhece a dificuldade de coibir o mercado ilegal na área. “Fazemos, rotineiramente, ações neste ponto com apoio da GCM (Guarda Civil Municipal) e policiais à paisana, mas é como enxugar gelo.”

Segundo a Polícia Militar, a área tem sido contemplada com plano de ação específico, com emprego do patrulhamento ostensivo a pé e intensificação de policiamento de rádio-patrulha, visando a redução de delitos. “Durante 2017 foram contabilizadas 42 mil abordagens de pessoas e 249 prisões de infratores”, destaca, em nota.

 




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