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Del Toro aposta em mais uma ‘criatura’ e tem 13 indicações

‘A Forma da Água’ é filme poético e cheio de simbolismos, mas não é nenhuma obra-prima

Marcela Munhoz
28/01/2018 | 07:00
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Em 1740, a francesa Gabrielle-Suzanne Barbot escreveu história sobre o amor improvável entre uma fera e uma donzela. A princípio, todo mundo acredita que o monstro vai devorar a humana, mas os dois criam relação tão intensa que se apaixonam. Para quem não percebeu, essa é a versão original do clássico A Bela e a Fera, mas poderia ser o enredo do longa indicado em mais categorias – 13, no total – ao Oscar: A Forma da Água (The Shape of Water).

Guilhermo del Toro – acusado de plágio por David Zindel, filho de Paul Zindel (1936-2003), que escreveu Let Me Hear You Whisper (1969), com história sobre mulher que se apaixona por ser aquático – traz para o século 21 o inesperável romance erótico entre a muda Eliza (Sally Hawkins), faxineira de laboratório secreto dos Estados Unidos na Guerra Fria, e anfíbio humanoide capturado para pesquisas.Aos poucos, ela conquista a confiança do monstro e desenvolve paixão avassaladora. Aliás, ambos. Já que no mundo dos humanos, Eliza também é criatura ‘bizarra’. Está aí, nesta identificação, sem preconceitos, a parte mais poética e sensível da trama.

Outros personagens, como Giles (Richard Jenkins, que concorre a ator coadjuvante), homossexual reprimido, e Strickland (Michael Shannon), torturador, também enxergam no monstro reflexos de seus próprios conflitos, defeitos e até admirações. Duas interpretações muito boas. Octavia Spencer, que faz a amiga de Eliza, por outro lado, é talento desperdiçado em papel sem expressão, apesar de ela estar concorrendo na categoria atriz coadjuvante.

Voltando à criatura, esta não é a primeira vez em que Del Toro aposta em seres fantásticos. Em O Labirinto do Fauno (2006) – Oscar de direção de arte, fotografia e maquiagem – parece que o tiro foi mais surpreendente. A Forma da Água é um belo longa, meio bizarro, mas lindo. Porém, seu roteiro acaba entrando nas profundezas perigosas do ‘mais do mesmo’. Além disso, no Globo de Ouro dominou as indicações, mas só conquistou diretor e trilha. No Sag Awards, também decepcionou. Em ambos, Três Anúncios para Um Crime foi o algoz.




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