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Feliz novo ano, com combate à corrupção
Por Antonio Carlos Lopes
01/01/2018 | 07:00
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Acabamos de usufruir de dias felizes e em clima fraternal. No Brasil, até por sua predominante veia cristã, o Natal enseja a confraternização, a união, o perdão e a paz, especialmente a de espírito.

Agora estamos às vésperas de virada de mais um ano. Tradicionalmente, vivemos momentos de reflexão. Hora do balanço do que houve de positivo ou negativo e de realinhar. Hora de planejar 2018, para que seja melhor, mais alvissareiro.

Peço licença para usar algumas linhas desse nosso espaço para refletir sobre o País, e para pensar o que queremos para os próximos 365 dias e o futuro. Você e eu sabemos que 2017 foi duro: crises econômica e política, desemprego, queda do poder de compra, redução da capacidade produtiva, só para citar poucos problemas. Caiu a inflação, é verdade, mas como consequência do despencar da demanda, pois não há dinheiro no bolso do cidadão, quanto mais sobrando.

Sem querer fazer a linha conformista, compreendo que se trata de uma etapa complicada somente; temos condição de superá-la e entrar em uma esfera de crescimento. Mas há um porém nesta história toda: isso só ocorrerá se extirparmos a maior chaga de 2017, aliás, um mal recorrente, que aos poucos leva o Brasil ao precipício: a corrupção.

Precisamos reagir com firmeza aos pactos espúrios entre certos políticos e alguns maus empresários que provocam desvios milionários e tiram da sociedade a possibilidade de justiça e progresso. É impossível se tornar um País de primeiro mundo com o atual estado de leniência.

De acordo com estudo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a cada ano cerca de R$ 100 bilhões são perdidos com as práticas ilegais, representando até 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Veja o que ocorre na área da Saúde, responsável por 9,5% do PIB: todos os dias temos no noticiário casos de fraudes bilionárias. Os recursos vazam em proporção escandalosa, mesmo com a Polícia Federal realizando inúmeras operações de caça à bandidagem, como a Marcapasso, Monte Carlo, Sanguessuga, Vampiro e por aí vai.

Estima-se que corrupção, má gestão, burocracia e incompetência comprometam cerca de 50% dos recursos destinados ao setor. O resultado, além de enriquecimento ilícito de uns poucos, de Estados e municípios quebrando, e do endividamento da União, são hospitais fechando leitos, reduzindo cirurgias, acesso comprometido, doentes jogados em macas à espera de assistência. Enfim, todo o tipo de ultraje aos princípios fundamentais do homem.

Assim, um dos modelos mais perfeitos do planeta, ao menos teoricamente, no campo da Saúde, o SUS (Sistema Único de Saúde) é inviabilizado e desmantelado sob nossos olhos. Ganham outra vez grupos gananciosos que, no setor suplementar, tentam criar planos de saúde sem garantias aos pacientes e ainda não ressarcem os cofres do , quando da utilização por parte de seus clientes.

Combater este estado de coisas deve fazer parte da agenda de todos que sonham com um País digno e um futuro melhor já, em 2018, 2019, 2020... A virada de mais um ano nos propicia a reflexão, é verdade. Mas que ela venha para ficar, que seja diária e nos encha de brio.

Não podemos mais esperar que outrem modelem o Brasil que almejamos. Essa tarefa só será bem cumprida se cada um de nós assumir o papel de ator, de artista principal. Não nos faltam caminhos para chegar a um final feliz: temos o poder da indignação, a capacidade de protesto e o voto. Façamos nossa parte com amor, ética e inteligência. Feliz 2018.

 

Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e professor afiliado do HMASP (Hospital Militar de Área de São Paulo). E-mail: acontece@acontecenoticias.com.br




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