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Universidade de S.Bernardo atrasa salários e demite 40 professores

Crise econômica e insatisfação de funcionários teriam provocado situação observada na Metodista

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
14/12/2017 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


Uma das instituições de Ensino Superior mais tradicionais da região, com três campi em São Bernardo e 20 anos recém-completados, a Universidade Metodista de São Paulo passa por período de incerteza e crise. Conforme o Sinpro ABC (Sindicato dos Professores do ABC), pelo menos 40 professores foram demitidos neste mês, número que pode chegar a até 60 profissionais, caso o ritmo de dispensa seja mantido. Procurada pela equipe do Diário desde o dia 7, a Metodista não se posicionou sobre o assunto até o fechamento desta edição.

Conforme informações de estudantes e do sindicato, os cursos de pós-graduação são os mais afetados pelas demissões (leia mais ao lado). O presidente do Sinpro ABC, José Jorge Maggio, destaca que a última conversa entre sindicato e a instituição ocorreu no início do mês, quando o número de demissões era menor. Na época, segundo Maggio, a justificativa da universidade para os cortes foi a crise econômica.

Os docentes também sofrem com atrasos de salário e irregularidade no depósito do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). “Chamamos outra reunião na Federação Nacional dos Professores, mas eles (representantes da Metodista) não compareceram”, afirmou o presidente do Sinpro ABC, que acredita que muitas das demissões realizadas tenham sido motivadas por questões políticas.

Entre os profissionais dispensados está o professor José Salvador Faro, que atuava no curso de Jornalismo e na pós-graduação em Comunicação Social há 21 anos. Ele recebeu a demissão com surpresa, principalmente porque, recentemente, foi eleito representante dos docentes no conselho universitário, cuja posse e primeira reunião com a nova formação aconteceriam hoje. “Não sei a razão da minha demissão, mas ela aconteceu quando outros professores e eu nos colocamos contra mudanças. A Metodista se retraiu, visando a lógica financeira, com mudanças, como fechamento de cursos, falta de investimento na área tecnológica, junção de turmas, aumento da carga da EAD (Educação a Distância) e enxugamento físico”, afirmou. <EM><EM>Docente da pós-graduação e pesquisador do Programa de Mestrado em Administração, o professor doutor Luiz Roberto Alves tinha 31 anos de casa e também foi demitido. “É um corte que não mantém a consideração aos alunos que pagam para estudar com qualidade.”

A situação acontece oito meses após a posse do atual reitor, Paulo Borges Campos Júnior. Na época, o professor afirmou que a situação na instituição era melhor do que no ano passado e, otimista, pretendia dobrar o número de cerca de 21,7 mil alunos matriculados em até cinco anos. O ex-reitor Márcio de Moraes renunciou ao cargo após dez anos, em agosto de 2016.

Ato de repúdio contra o corte de profissionais está marcado para hoje

Preocupados com o andamento dos cursos da pós-graduação após a demissão de professores orientadores, estudantes da Universidade Metodista de São Paulo agendaram ato de repúdio contra os cortes para hoje, às 18h, em frente à portaria do colégio.

Aluna da pós em Comunicação, Jéssica de Oliveira, 23 anos, teve sua orientadora demitida na última semana. “A professora Marli Santos estava encaminhando o meu processo de intercâmbio, que agora eu não sei como vai ficar.”

“Nos sentimos desamparados, porque temos relação com o orientador que molda todo o nosso trabalho”, disse o estudante da pós Carlos Humberto Ferreira Silva Júnior, 28.

Conforme o MEC (Ministério da Educação), as instituições privadas têm autonomia sobre as relações de trabalho do corpo docente, mas devem ter pelo menos um terço do corpo docente composto de mestres e doutores. Se houver descumprimento, o ministério pode mudar a categoria acadêmica para centro universitário ou para Faculdade.




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