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Região deve desembolsar R$ 44 mi na Black Friday

Valor é 69% maior em relação a 2015; retomada no setor automotivo estimula o consumo

Flavia Kurotori
Gabriel Russini
16/11/2017 | 07:25
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Rovena Rosa/ Agência Brasil


A cada ano, a Black Friday está cada vez mais incorporada ao calendário do brasileiro que, inclusive, aproveita a data para garantir algumas compras de Natal com descontos de até 80%. No Grande ABC, a perspectiva é a de que sejam gastos R$ 44 milhões no dia 24, montante 69,2% superior ao valor desembolsado pelo consumidor das sete cidades em 2015 (R$ 26 milhões), e 8,6% maior do que o total gasto no ano passado (R$ 40,5 milhões).

Isso é o que aponta levantamento do site BlackFriday.com.br, idealizador do evento no Brasil, cedido com exclusividade ao Diário.

Na avaliação do diretor do portal, Ricardo Bove, a edição deste ano “tem tudo para bater o recorde” do volume gasto na região por conta de sinalização de melhora no segmento industrial, principalmente do automobilístico, carro-chefe das sete cidades. “Com a melhora nas vendas de carros na região, é normal que o consumo volte a crescer porque há um impacto forte na cadeia produtiva, além, é claro, do cenário econômico se mostrar mais favorável do que em 2016, e a confiança do consumidor ser restabelecida. Acredito que os lojistas também estejam se preparando para uma maior movimentação.”

Segundo informações da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), entre janeiro e outubro cerca de 1,82 milhão de veículos foram comercializados, número 9,28% melhor em relação ao mesmo período no ano passado, quando 1,66 milhão foram emplacados. A produção segue pelo mesmo caminho e, conforme dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), para os dez primeiros meses de 2017, aproximadamente 2,23 milhões de unidades foram fabricadas, ante 1,74 milhão em 2016, com alta de 28,5%.

É válido lembrar que o Grande ABC conta com seis montadoras: Ford, Mercedes-Benz, Scania, Toyota e Volkswagen em São Bernardo, além da General Motors, situada em São Caetano.

PESQUISA - Dentre os produtos e serviços mais almejados pelos consumidores do Grande ABC para a Black Friday neste ano, em primeiro lugar aparecem os celulares e smartphones (48%), seguidos por eletrodomésticos (35%) e eletrônicos em geral (33%). Os produtos de informática e tablets (26%) ocupam a quarta colocação, na sequência, estão os eletroportáteis (19%), móveis e decoração (19%), moda (17%), games (15%), viagens (13%) e produtos de beleza (12%).

A campanha, que em português significa Sexta-feira Negra, veio dos Estados Unidos em 2010. No país de origem, a data equivale à maior liquidação do ano, sempre após o dia de Ação de Graças. Por aqui, no entanto, foi de 2014 para cá que as empresas passaram a se preparar realmente para a data, a oferecer descontos mais vantajosos e ampliar a campanha para as lojas físicas, e não somente virtuais. “Trouxemos para o Brasil porque não havia ação similar por aqui. No começo foi difícil, mas nos últimos três anos o volume transacionado na data não para de crescer”, explicou Bove.

Na edição do ano passado foi movimentado em todo o País cerca de R$ 1,9 bilhão. “Esperamos chegar a R$ 2,2 bilhões neste ano, aumento de 19%. Em relação ao número de pedidos, nossa expectativa é superar os 4 milhões do ano passado.” Quanto ao tíquete médio, o portal estima que serão gastos aproximadamente R$ 600 por pessoa.

PROJEÇÃO - Em sinergia com a expectativa de Bove, o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, avalia que os resultados serão melhores neste ano por conta de recuperação na conjuntura econômica. “As expectativas do comércio para a Black Friday são de aumento de 8% nas vendas em relação ao ano passado.”

A ACE (Associação Comercial e Empresarial) de Diadema segue pela mesma linha. “Estimamos crescimento em torno de 20%, em virtude do reaquecimento do mercado e pelo fato de as pessoas terem a chance de antecipar as compras de Natal. O fato de a primeira parcela do 13º também sair no fim de novembro acaba animando.”

Em contrapartida, para o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Evenson Robles Dotto, a Black Friday acaba movimentando mais as lojas de grande porte. “O comerciante pequeno não está aderindo porque percebeu que Black Friday prejudica as vendas do Natal. Se a pessoa comprar uma televisão agora, não irá comprar outra em dezembro. Assim como as roupas, se comprar em novembro, irá guardar e não comprará outra no mês que vem.”


Monitorar preços e lojas pode prevenir fraudes

Nos últimos anos, a Black Friday tem ganhado destaque não apenas por causa das ofertas, mas também devido à quantidade crescente de fraudes. Para evitar se deixar levar por promoções enganosas ou pagar por um produto e não recebê-lo, dica valiosa é pesquisar bastante antes do momento da compra. “Para aproveitar as ofertas de itens mais caros, os consumidores precisam se planejar, pesquisar e comparar preços sempre com antecedência”, ressaltou Ricardo Bove, diretor do site BlackFriday.com.br.

“É fato que alguns estabelecimentos não praticam preços menores. Infelizmente, há casos em que o valor do produto aumenta uma semana antes para, na data, simular um desconto, quando, na verdade estará sendo vendido pelo preço justo e real”, afirma Sônia Amaro, advogada e representante da Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor.

Caso seja comprovada que a oferta é enganosa, a orientação é procurar os órgãos de defesa do consumidor para denunciar o estabelecimento. O Procon-SP, inclusive, divulga lista negra, todos os anos, com os nomes de empresas que não são confiáveis. Desde setembro a diretoria de fiscalização vem monitorando os preços dos artigos mais procurados, assim como os sites de vendas mais populares. E o resultado é que 518 estabelecimentos virtuais constam na triagem deste ano, inclusive com o status ‘no ar’ e ‘fora do ar’. Consulte no link http://sistemas.procon.sp.gov.br/evitesite/list/evitesites.php.

Vale também pesquisar sobre a reputação da loja em plataformas como Reclame Aqui e e-Bit. Especialistas do site black-friday.sale destacam que também é preciso ficar atento com os links que chegam via e-mail, pois, nesta época, golpistas utilizam a ferramenta para propagar falsas ofertas.

No ato da compra é recomendável fazer um print screen da tela do computador ou celular para mostrar o valor que estava sendo cobrado no ato da compra, caso a empresa resolva mudar no momento do pagamento.

PÓS-VENDA - Se o item adquirido pelo site não for correspondente ao anunciado, Sônia orienta que a primeira coisa a se fazer é procurar o vendedor alegando o problema e, caso não seja resolvido, ir até um órgão de defesa do consumidor. “O ideal é que, assim que notar a diferença, o comprador entre em contato imediatamente com a loja.”

Em relação a produtos com defeito, o consumidor tem até 90 dias, conforme a lei, para reclamar de algum. A partir deste momento, a loja terá até 30 dias para reparar a peça. Se o conserto não for possível, a empresa deve propor a troca do item ou a devolução do dinheiro na íntegra, diz Sônia, lembrando que a troca por motivos que não sejam avarias só ocorre por cortesia do estabelecimento.

Aquisições a distância, ou seja, pela internet, contam com prazo de reflexão – em que o comprador pode arrepender-se da compra e solicitar a devolução da quantia paga. O benefício, entretanto, não é estendido às lojas físicas. 




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