Cultura & Lazer Titulo Cinema
Herói em nova fase

‘Thor: Ragnarok’ chega ao Brasil com mais cores e momentos cômicos do que nos outros filmes

Por Luís Felipe Soares
26/10/2017 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


 Thor não é um personagem fácil de se adaptar para as telonas. Ele tem tom muito mais sério do que os companheiros de Vingadores, fala de maneira rebuscada e possui companheiros e vilões menos conhecidos do grande público. O que tem sido mostrado nas telonas desde 2011 é uma versão light do original, mas ainda caminha, no cinema, sem a mesma ‘importância’ que Homem de Ferro e Capitão América, por exemplo. Tanto que seus dois filmes anteriores estão entre os mais esquecidos entre os fãs, mas são importantes para explorar o personagem e estabelecer a presença de seu mundo e diferentes reinos além da Terra. Parece que a Marvel Studios decidiu popularizar o Deus do Trovão com ajuda de piadas, muitas cores e atmosfera mais leve. Essas características são marcantes em Thor: Ragnarok, que chega hoje aos cinemas brasileiros com cópias convencionais e em 3D.

A mudança de perfil é nítida, passando pelo material de divulgação bem mais chamativo do que já feito antes e chegando à escolha de Taika Waititi (responsável por alguns filmes indies no currículo) como diretor ao suceder Alan Taylor (com episódios de Game of Thrones na trajetória profissional) no comando da franquia. Até mesmo o visual do protagonista foi modificado, com o longo cabelo loiro sendo cortado em cena, o que marca a nova fase do herói longe de seus domínios e zona de conforto.

Na trama, Thor (Chris Hemsworth) viaja pelos nove reinos atrás de informações das joias do infinito e percebe que a paz pregada pelo pai Odin (Anthony Hopkins) não ocorre de fato. Entre conversas com o irmão Loki (Tom Hiddleston) e o reencontro com o patriarca, descobre que a irmã mais velha Hela (Cate Blanchett), a Deusa da Morte, procura por vingança sem compaixão nenhuma. Esse arco busca a alma um tanto quanto shakespeariana da essência do universo do herói, com Blanchett dando qualidade enorme ao poderio do elenco.

Mas o ritmo dramático dessa dinâmica familiar é deixado completamente de lado quando o protagonista é jogado em planeta desconhecido dominado por lixo, um líder de hábitos e trejeitos estranhos e duelos de gladiadores interplanetários. O cenário busca livre referência na saga Hulk Contra o Mundo, uma vez que o Gigante Esmeralda é o campeão local das brigas mortais. A presença do alter ego de Bruce Banner (Mark Ruffalo) esfria a tensão e inicia divertido ciclo de tiradas cômicas dignas de comédias juvenis: inocentes e despretensiosas. Muito parece ter sido inspirado nos dois Guardiões da Galáxia.

Espectadores que não estiverem no mesmo espírito proposto pela direção e produção da obra podem se incomodar com o excesso de piadas, algumas delas inoportunas em determinados momentos da história. Certamente que Waititi empresta mais vida para o mundo em torno de Thor e faz de Hela a maior adversária do herói, com seu impacto na história e na trajetória do irmão mais novo prometendo ser marcante no destino do Universo Marvel no cinema. Ele segue a cartilha que o estúdio tem apostado nos último anos, com a ampliação de brincadeiras prontas para serem lançadas na tela. Parece que o surgimento do Ragnarok (profecia que simboliza o fim de tudo) funciona como recomeço para o Deus do Trovão, que esquece a seriedade do passado – e de seu DNA nos quadrinhos – e abraça a moderna diversão de Hollywood.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;