Para proporcionar novas experiências aos alunos com deficiência, o Nanasa (Núcleo de Natação Adaptada de Santo André) organizou, ao longo da semana passada, aulas de caiaque (pequeno barco destinado a atividades de esporte e lazer).

Surpreendidos, muitos dos atendidos jamais tinham se deparado com um desses ‘barquinhos’ de perto, por isso, a alegria tomou conta das 120 crianças e jovens. Além de proporcionar diversão, a ação colabora com o desenvolvimento e estimula os movimentos dos pacientes.

De acordo com o coordenador do Nanasa Jorge Marcos Ramos, foram apenas duas aulas, mas suficientes para sentir o envolvimento dos alunos com a atividade. “No primeiro dia alguns ficaram bem receosos, com um tanto de medo e até assustados. Na segunda aula já estavam remando com os braços, sorrindo e pedindo para ficar mais (na embarcação). Foi uma experiência muito bacana.”

Os caiaques são fruto de parceria que os Cesas (Centros Educacionais de Santo André) firmaram com empresa que produz os equipamentos – disponibilizados para aulas nas piscinas municipais durante o mês da criança. “Nós entramos em contato com um dos coordenadores e ele nos disponibilizou um desses para que pudéssemos usar durante uma semana. Os alunos adoraram a novidade e querem que o caiaque fique com a gente”, diz Ramos.

AMPLIAÇÃO

A expectativa é a de aumentar as vagas da unidade de natação adaptada para 240. A ideia é diminuir a fila de espera, atualmente em 160 inscrições. “Temos estrutura, e todos os professores são educadores físicos. Dependendo do que o aluno necessita, disponibilizamos até três profissionais para acompanhar a aula na água. Às segundas realizamos formações onde todos os profissionais entram na água. E também discutimos novas teorias para cada caso e deficiência em específico”, observa o coordenador.

As aulas são individuais, com professores destinados a cada aluno. Ramos explica que a natação colabora para que o deficiente tenha propriedade de seu próprio corpo, sentindo que pode dominar seus movimentos.

“Fomos construídos para nos movimentar. Nosso corpo é como um carro: se deixa de ligar o motor, trava tudo. É indispensável e fundamental que a parte motora desses alunos em especifico seja desenvolvida. Se eles têm um bom desenvolvimento motor, também têm um bom desenvolvimento neurológico. Melhora o aprendizado na escola e no dia dia deles”, ressalta Ramos.

Pais aprovam atividades ofertadas por núcleo

O empresário Azor Bueno de Oliveira, 48 anos, acompanha o filho Miguel Orlovas de Oliveira, 8, em todas as aulas no Nanasa (Núcleo de Natação Adaptada de Santo André). O garoto, que tem transtorno global de personalidade e realiza tratamento contra o medo, já vai se formar, pois há dois anos frequenta o núcleo. “Ele tinha medo de tomar banho, das pessoas, até nós, pais, não podíamos nem encostar nele. Depois que descobrimos essas aulas tudo mudou, pois ele agora nada sozinho, não tem mais medo de água. Me arrisco a dizer que melhorou em 80%.”

Isabely Cerqueira, 9, tem síndrome de Down e lamenta que esteja próxima sua formatura, pois queria continuar fazendo natação. Sobre as aulas de caiaque, o sorriso no rosto não deixa dúvida de que a atividade foi sucesso. “Em absolutamente todos os sentidos essas aulas foram importantes para o desenvolvimento da minha filha. Ela morria de medo de água, e agora está bem. Ela está adorando essa nova aula, pena que foram só duas. Está super tranquila e se saiu muito bem. Como mãe, fico orgulhosa de ver ela assim”, disse Gerlandia Maria da Silva, 35.

O Nanasa oferece aulas de terça-feira a sexta-feira nos três períodos (manhã, tarde e noite), com 40 minutos de duração cada uma. Para se inscrever, é preciso ter no mínimo 4 anos de idade, sem limite máximo. A permanência no curso é de dois anos e, após este período, o aluno recebe certificado que especifica as atividades que está apto a realizar dentro da piscina.