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Qualificação ajuda no primeiro emprego

Jovens em situação de vulnerabilidade têm oportunidade de se preparar ao mercado de trabalho

Por Marília Montich
Do Diário do Grande ABC
26/09/2017 | 07:26
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Dar início à vida profissional não é tarefa fácil, uma vez que a falta de experiência é obstáculo na busca dos jovens por sua primeira oportunidade. Neste cenário, a desocupação costuma atingir em cheio as faixas etárias inferiores. Segundo a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), do Seade/Dieese, a taxa de desemprego dos jovens entre 16 e 24 anos na Região Metropolitana atingiu 37,9% em julho.

A qualificação, contudo, tende a ser a melhor saída para driblar o problema. Seguindo essa lógica, a Prefeitura de São Bernardo lançou no dia 18 o programa Conexão para o Trabalho, que oferece aulas e palestras preparatórias para o mercado de trabalho aos beneficiados pelo Peat (Programa de Educação do Adolescente para o Trabalho). O público é voltado a adolescentes de 15 anos e 6 meses a 16 anos e 6 meses, que podem permanecer no programa até completarem 18 anos, devendo estar matriculados em unidade de ensino regular ou em cursos de Educação de jovens e adultos. Os adolescentes inseridos provêm de famílias e serviços de acolhimento referenciados nos Cras (Centros de Referência de Assistência Social).

Trata-se de programa piloto, gratuito, composto por quatro turmas de 35 alunos, que recebem oficinas de mecânica, desenho técnico, elétrica automobilística e industrial e criação de aplicativos na plataforma Android. As aulas terão duração de três meses, sendo realizadas três vezes por semana no Ceitec (Centro de Empreendedorismo e Inovação em Tecnologia de São Bernardo). O curso é ministrado por oito professores voluntários especializados em engenharia. 

Anny Karoline Carvalho Teles, 16 anos, moradora do bairro Riacho Grande, é uma das alunas do programa, que já o avalia como positivo. “Nesses poucos dias eu aprendi bastante sobre eletricidade, plataforma Android e noções sobre trabalho no geral. Acho que para o currículo, quanto mais a gente souber, mais portas se abrirão”, diz a jovem, que pretende cursar Medicina no futuro. 

O foco do Conexão para o Trabalho está no aprimoramento da prática, como explica Sadao Hayashi, diretor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo e coordenador do programa. “Em qualquer escola técnica há em torno de 20% a 30% de aulas práticas e de 70% a 80% de teoria. Eu quero inverter essa proporção. Temos que inserir esses meninos – jovens em situação de vulnerabilidade – no mercado e, para isso, é preciso que eles botem a mão na massa”, afirma.

O intuito principal é despertar o interesse desse grupo em continuar se qualificando. “A gente está incentivando esse jovem para que ele encontre alguma facilidade no curso que venha a fazer em seguida. O programa é um bê-á-bá.”

A extensão do estudo, aliás, é apontada como fundamental por especialistas para garantir o sucesso no início da carreira. “Mostrar que esse profissional, que hoje é jovem, ainda em formação e com plena consciência disso, tem vontade de continuar estudando é um ótimo sinal para o empregador”, diz o coordenador do Observatório Econômico do Grande ABC, Sandro Maskio.

Ele destaca que é preciso também estar preparado ao primeiro contato com o recrutador. Adoção de postura positiva e pró-ativa nas entrevistas de emprego, além de currículo objetivo e ético, pode fazer diferença. “Mostre que faz planos, que traça objetivos.”


Outras gestões também possuem iniciativas

Outras prefeituras também se preocupam com o tema. São Caetano oferece o programa Time do Emprego, em que são disponibilizadas 20 vagas, a fim de inserir ou recolocar maiores de 16 anos no mercado de trabalho. As inscrições serão realizadas até o dia 29 no Atende Fácil. Interessados devem comparecer com carteira de trabalho, RG, CPF e, caso possua, PIS (Programa de Integração Social).

Mauá informou que tem buscado auxiliar a entrada dos jovens no mercado de trabalho facilitando o acesso a cursos de formação profissional. Neste ano foram abertas quase 1.000 vagas em diferentes cursos para atender diferentes públicos. Os cursos têm duração entre cinco e 200 horas e podem ser feitos presencialmente ou a distância. Em todos os casos, a administração os encaminha a empresas que possuem vagas. Entre as qualificações estão corte de cabelo, maquiagem, fotógrafo, leitura de projetos, informática, recepcionista, gestão do tempo e atendimento ao cliente.

Já Santo André afirmou que o CPETR (Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda) passa por reformulação, por isso não dispõe de programa na área. A volta da intermediação de mão de obra deve ser reiniciada assim que a reforma e o treinamento dos atendentes forem concluídos.




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