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‘Será governo de continuidade com a minha cara’, diz França

Vice-governador se prepara para assumir lugar de Alckmin e lançar nome na corrida ao Estado

Humberto Domiciano
24/09/2017 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


 O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), deve assumir o Palácio dos Bandeirantes no início do ano com a provável candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República. Enquanto isso, o socialista prepara a transição tendo como lema a continuidade, mas com “possibilidade de dar a minha cara”, como definiu França em entrevista exclusiva ao Diário.

MUDANÇA
“O pressuposto é a candidatura do Alckmin, é óbvio ele ser candidato. Na outra vez, perdeu por seis pontos percentuais contra o Lula (PT) no auge e, desta vez, não terá Lula, provavelmente. É difícil dizer que ele não seria candidato. Tem a maioria dentro do partido e, em sendo ele (presidenciável), meu mandato será de continuação do governo. Não teria tempo para implementar muitas ações. Claro que tentarei executar algumas coisas, com minha cara, assim como foi na Secretaria (Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), onde apostamos na economia criativa, por exemplo”.

INAUGURAÇÕES
A crise econômica afetou algumas obras no início, depois vieram as confusões com as empreiteiras e elas perderam ritmo em todo o Estado. O que era para inaugurar até o ano passado ou começo deste ano acabou sendo postergado para os próximos meses. No Estado de São Paulo o governador é muito consolidado. Inaugurando obras ou não, não fará diferença.”

CANDIDATURA
Se eu assumir (o Palácio dos Bandeirantes), serei candidato e só posso ser a governador. Na minha faixa etária, não terei outra oportunidade como essa. O Estado de São Paulo é de 1889 e, de lá para cá, nenhum governador no exercício deixou de ser eleito. Não precisa ser conhecido para ser candidato. O que faz ficar conhecido é estar no governo. O João Doria era desconhecido, quando colocamos na televisão, ganhou e pouco tempo depois já era esse político de hoje. A máquina e a mídia espontânea são grandes. Acho que consigo enorme coligação, vou fazer de tudo para demonstrar em pouco tempo que serei um bom candidato”.

GOVERNO MICHEL TEMER
“É um mandato tampão, com poucas chances de ser popular. Ele (Temer) teria uma janela de oportunidade que era a facilidade de aprovação no Legislativo e, mesmo aos trancos e barrancos, está conseguindo. O Brasil voltou a se equilibrar. No ano que vem deve crescer entre 3% e 4%. O resumo é que o Temer vai dizer: ‘Peguei com 3% negativos e vou entregar com 4% positivos’. É uma marca positiva. Na política é difícil, é um governo que vem da confusão do PT, que envolve o PMDB e o desgaste fica.”

HENRIQUE MEIRELLES
“O Meirelles se intitula um ministro independente da Fazenda, de maneira que ‘eu não sou governo, vim cuidar da economia e consegui’. Não é incomum isso. O próprio Fernando Henrique Cardoso fez isso no governo Itamar Franco, que era uma gestão confusa, ele foi e ganhou a eleição. Mas tudo depende de quem será o adversário. Temos três polos no Brasil. Um que é o Lula, em São Paulo; há o Alckmin; e o polo nacional. O resto é periférico, que não consegue espaço na televisão. Temos dez partidos que controlam 95% do tempo. Aí está a chave da história. Se o Lula não for candidato, tem a opção de empurrar o Ciro Gomes (PDT) para o segundo turno. Se o PT lançar candidato, inviabiliza o Ciro e pode tirar o PT do segundo turno. Ficaria o núcleo de São Paulo contra o candidato do governo federal.”

JAIR BOLSONARO
“Seria uma alternativa se tivesse tempo de televisão. Nesse caso seria igual ao Celso Russomanno, que sai na frente, mas acaba caindo durante a campanha. Hoje o Bolsonaro é um fenômeno, mesmo porque não está no Executivo e tem pouco desgaste. Ele atraiu muitos jovens também.”

JOÃO DORIA
“Em setembro (de 2016, antes da eleição à prefeitura de São Paulo), dei entrevista para a Folha de S.Paulo e falei que o João teria percentual de 25%, com chance de ganhar no primeiro turno e ele tinha só 2% nas pesquisas. Até me chamaram de louco. Onde tem televisão isso pesa bastante. Todo mundo se impactou com a vitória. Ele é publicitário e sabe vender bem. No quadro atual ele sempre tem o que ganhar. Se não for candidato, ficará a imagem: ‘Olha que cara bacana, abriu mão’. Se ele for vice do Alckmin, também. O natural para o João é terminar o mandato. Ele falou em 100 conversas durante a campanha: ‘Vou ficar quatro anos e serei o melhor prefeito que São Paulo já teve’. Quanto mais ele nega, mais as pessoas falam que será.”

BANCADA DE DEPUTADOS
“Temos longa tradição de eleger com menos votos e, dessa vez, contaremos com candidatura a governador que deve transferir sete pontos percentuais para a legenda e isso pode ser importante. Para ir ao segundo turno preciso ter dez milhões de votos. Nesse processo vai vir muita gente, vamos filiar. Não acredito que façamos menos do que dez estaduais e dez federais.”

GRANDE ABC[
“Eu me sinto contemplado no Grande ABC. Orlando Morando (prefeito de São Bernardo, PSDB) foi do meu partido, assim como o William Dib (ex-prefeito de São Bernardo) também. O PSB fez o Atila Jacomussi (em Mauá) e o Adler Kiko Teixeira (em Ribeirão Pires), que foram vitórias importantes. Em Santo André perdemos na esteira do fator do novo. Certamente a região vai eleger federais e estaduais, existe espaço para isso. Houve um deslocamento do PT para fora do cenário e, sem eles, ficou mais para o PSDB e para o próprio PSB.”




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