Um ato simples, como abrir a porta, tem se tornado uma tortura para Maria Aparecida (nome fictício), moradora de um apartamento no Jardim Alvorada, em Santo André. Um de seus vizinhos, um idoso de 63 anos, pratica atos obscenos na área comum dos apartamentos, bem em frente à sua porta. A situação já dura mais ou menos 10 anos, mas só agora a mulher conseguiu coletar vídeos que servem como prova.

“Desde o fim de agosto instalaram uma câmera no corredor, que está interligada com um monitor aqui dentro de casa. Então, antes de sair, eu olho para a tela para ver se ele está lá fazendo alguma coisa”, explicou a vizinha, que já registrou três boletins de ocorrência. O último B.O foi realizado em maio deste ano e o idoso chegou a ser intimado a depor. Porém, no dia 18 de agosto, ele voltou a se masturbar na área comum. A vítima já tinha dado queixa à polícia, em 2009, quando o idoso praticou os atos obscenos pela primeira vez.

Como reparou que o caminho por meio da Justiça seria demorado, Maria resolveu, então, informar os moradores vizinhos da condição constrangedora que vivia e observava através de sua porta. O idoso já teria atacado a filha do porteiro, segundo os moradores do condomínio.

Aconselhada pelos policiais a colher provas da conduta sexual do vizinho, a moradora começou a escrever um diário onde relata o que se passa através do olho mágico de sua porta. Quando obteve um celular com câmera filmou e fotografou o que ocorria no corredor.

O idoso divide sua residência com a esposa, mas duas filhas sempre aparecem para visitá-lo. A moradora relata que a família do homem não toma providências para resolver a situação. “Nos últimos dias tenho percebido que ele anda me espiando. Eu abro a porta para sair, ele abre também, e depois fica me encarando”, relatou a vizinha.

O medo maior da moradora é de que o idoso faça alguma coisa contra seus dois filhos, um de 8 e outro de 14 anos. “Este homem já me seguiu na escada e também ficou encarando meu filho mais velho. Peço para que nada aconteça com nenhum deles”, disse.

Com medo, e praticamente presa dentro do próprio apartamento, a mulher explicou que uma audiência judicial está marcada para  20 de novembro. “Quero que ele vá preso. Essa situação já passou dos limites”, desabafou. “As mulheres têm medo de relatar este tipo de crime. Eu não tenho. Vou até o fim”.

A equipe do Diário entrou em contato com os familiares do idoso, mas eles não quiseram dar declarações.