A saúde dos nossos olhos é um mundo à parte. Assim como o restante do nosso corpo, a visão também precisa ser monitorada e pode estar/ficar ‘doente’. Isso acontece quando passamos a enxergar as coisas embaçadas ou turvas. Quando temos dificuldade para enxergar tanto de longe como de perto.

Essas doenças estão relacionadas às características anatômicas do olho, não podendo ser evitadas. Para que sejam diagnosticadas é preciso ficar atento a alguns sintomas como dor de cabeça, cansaço ao redor dos olhos, vermelhidão no fim do dia e excesso de lágrimas – de forma involuntária, várias vezes ao dia.

Para evitar o desconforto o mais importante é consultar um oftalmologista, e a partir de um diagnóstico preciso eleger a melhor forma de correção – óculos, lente de contato ou cirurgia. Essa visita precisa ser feita com frequência, entre seis meses e um ano, no máximo.

Foi exatamente em visita ao médico dos olhos que os amigos do Colégio Singular, de São Caetano Lara Veneroso Silva e Frederico Pirola Del Vai, de 7 e 8 anos, respectivamente, descobriram o que tinham. “Eu estava com uns 4 anos quando fui ao oftalmologista (médico que cuida da visão) e fiz os exames, que diagnosticaram que eu precisaria usar óculos. Mas nunca me importei. Vi que passei a enxergar melhor e isso é muito bom”, conta o garoto, que já teve dois óculos, e que já trocou as lentes deles três vezes, por causa da mudança no grau.

Frederico tem miopia (dificuldade de enxergar para longe) e astigmatismo (borramento e distorção da visão para longe e para perto ao mesmo tempo).

“Percebi que precisava usar óculos porque via a televisão muito de perto, e desde o ano passado comecei a usar. Via tudo embaçado e agora melhorou bastante”, detalha Lara, que tem miopia.

As pessoas também podem ter hipermetropia (complicação de enxergar para perto e, dependendo da quantidade de grau, para longe também), presbiopia (é a vista cansada, que ocorre geralmente após os 40 anos, com embaçamento da visão para perto) e anisometropia (diferença de grau entre um olho e o outro).

Tanto Lara quanto Frederico aproveitam o fato de usarem óculos para deixar o visual mais legal. Lara aposta na armação rosa, enquanto que Frederico optou por óculos verde e azul. “É divertido e acho até bonito usar. Não tiro do rosto”, diz a menina.

A boa notícia é que se usar o acessório de forma correta, com o desenvolvimento infantil, há um processo adaptativo do olho que pode, sim, resultar em melhora.

Daltonismo é alteração genética rara

Imagine se você enxergasse as cores de forma diferente. É exatamente isso que acontece com a pessoa que possui daltonismo. Essa é uma doença congênita que altera a percepção de cores, principalmente o verde e o vermelho.

Embora muitos possam confundir o daltonismo com qualquer alteração na percepção de cores, por definição, o daltonismo é a incapacidade de diferenciar a cor verde da vermelha. Neles, ambas apresentam-se como uma mescla de bege e cinza.

Na retina há fotorreceptores, os cones, tipos específicos de neurônios, que são responsáveis pela percepção de cores. Isso ocorre devido à presença de pigmentos visuais específicos para vermelho, verde e azul, que determinam o tipo de cone e, consequentemente, o tipo de deficiência que irá ser causado de acordo com a alteração nessas células.

Com o aluno do Colégio Ábaco, de São Bernardo, Kauã Leiros Baroni Voigt, 14 anos, a descoberta foi rápida. “Com 7 anos minha mãe desconfiou que eu era daltônico porque trocava muito o verde e o vermelho, em específico. E no meu caso meu avô é portador.”

O daltonismo é uma alteração determinada geneticamente, transmitida a diferentes gerações. Qualquer pessoa, independentemente de raça ou cor, pode ser atingida. “Mesmo sabendo que terei isso para o resto da vida não me importo. Aprendi a saber qual é o verde e o vermelho e é tranquilo para mim. Sempre aviso meus professores para que saibam que se confundir, não foi de propósito. Há até um óculos que corrige isso, mas é muito caro. Então, não faço questão.”

Hoje, com as informações, fica mais fácil o diagnóstico, mas nem sempre foi assim. O ilustrador Fernandes, que atua no Diário há 31 anos, quando criança pensou que não conseguia aprender as cores. “Até eu descobrir, foi difícil. Hoje já me acostumei. Leva um tempo para se adaptar. Escolher frutas, por exemplos, é desafio.”

Algumas atividades podem ser muito difíceis para os daltônicos, como navegar em páginas da internet coloridas, alguns textos podem estar ilegíveis, leitura de gráficos e mapas pode ser impossível. Mas hoje já há disponível software (o Libcolorblind) que faz transformações de cores. Lápis de cores podem ter o nome da cor gravada de modo a facilitar a sua identificação. Alguns aplicativos para celular e lentes especiais também estão sendo desenvolvidos para auxiliar.

Higienizar bem as mãos e não levá-las aos olhos a todo momento evitam que microssujeiras entrem nos olhos, podendo levar a coceiras e irritações;

Durante a Segunda Guerra Mundial descobriu-se que os soldados daltônicos tinham mais facilidade para detectar camuflagens ocultas na mata. Além disso, daltônicos possuem visão noturna superior à de uma pessoa com visão normal;

O mais importante é fazer um check up oftalmológico a partir dos 3 anos de vida. As doenças oculares, se detectadas cedo e tratadas corretamente, têm seu agravamento reduzido, evitando danos permanentes ou irreversíveis para a visão;

Por conta da alteração na captação das cores, para os daltônicos o arco-íris não tem 7 tonalidades.

Consultoria dos médicos oftalmologistas Milena Abdalla e Leonardo Niccioli, do Hospital Cema – especializado em olhos, ouvidos, nariz e garganta