"Não sei quantos processos eu tenho. Não sei se eles vão cansar, eu não vou cansar. Se eles estão com medo de que eu possa voltar a me candidatar é melhor eles temerem porque vou provar que posso consertar este País", disse Lula.
Enquanto o ex-presidente falava, um helicóptero sobrevoava a praça carregando um letreiro luminoso exibindo frases de apoio à Lava Jato e combate à corrupção como "ninguém está acima da lei", "a hora de todos os corruptos vai chegar", "juntos com a Lava Jato queremos um Brasil limpo".
Durante os quase 20 minutos de discurso, Lula não entrou no mérito do depoimento ao juiz Moro, mas fez fortes críticas à Lava Jato. "Eu agora só quero que a operação lava Jato aqui de Curitiba, não o Ministério Público que é uma instituição que eu respeito, tenha a coragem de dizer: nós não temos provas contra o Lula, nós mentimos em relação ao Lula", disse o petista.
O ex-presidente aproveitou o "gancho" do depoimento para desfiar realizações de seus governos e apontar para o que pode ser um terceiro mandato do petista.
Segundo ele, seus grandes erros foram "sonhar" em "fazer a Petrobras ser a maior petroleira do mundo", incentivar a indústria naval nacional, o uso de energia limpa, "fazer uma empregada doméstica entrar na universidade, um filho de pedreiro virar engenheiro, fazer este País ser respeitado no mundo", pagar a dívida de 300 anos de escravidão com a África etc.
"Cometi um erro imperdoável pela elite brasileira, fiz com que o trabalhador tivesse 12 anos de aumento real do salário mínimo, que a empregada doméstica tivesse direitos de cidadã, que os negros fossem tratados como primeira classe e que os índios não fossem exterminados como hoje", afirmou.
Lula chegou a ressuscitar trechos de discursos de outras campanhas ao dizer que o Brasil é "um país que ainda tem escravidão e trabalho infantil, em que a mulher ainda é tratada como objeto de mesa e cama", peças de seus discursos na vitoriosa campanha de 2002.
"Não há na história de humanidade nenhum estadista que ousasse governar para os pobres e tenha resistido à sanha das elites perversas", disse Lula.
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, mais de 60 ônibus trouxeram ao menos 2.400 apoiadores de Lula a Curitiba. O ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos organizadores do ato, estimou o público em 4 mil pessoas.
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