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Usuários de Ribeirão cobram frota maior

Quantidade insuficiente de ônibus nas linhas municipais, o que reflete em tempo de espera elevado para embarque, é principal queixa de passageiros

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
10/09/2017 | 07:00
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Denis Maciel


Operado por apenas 45 veículos, distribuídos em 26 linhas municipais para atender o eixo entre o Centro da cidade e os bairros, o sistema de transporte público de Ribeirão Pires já apresenta sinais de desgaste. Com intervalo médio de até 40 minutos entre um coletivo e outro, passageiros pedem, com urgência, investimento para o setor que, nos últimos meses, tem obrigado moradores da estância turística a mudar a rotina para se adaptar ao funcionamento do serviço.

“Onde já se viu um ônibus começar a funcionar somente às 6h e o outro só passar depois de 40 minutos. Parece coisa de louco, mas não é. O pior de tudo é que ninguém entende que 20 minutos para nós, trabalhadores, é um tempo precioso”, ressalta o operador de máquinas João Batista de Mello Silva, 46 anos.

Diferentemente do padrão adotado em demais municípios da região, em Ribeirão Pires o início de operação do sistema de transporte público varia de acordo com cada linha. A circulação pode começar às 4h40, como é o caso da Linha Ouro Fino 4, ou às 6h10, como acontece no itinerário Pereira Barreto.

“Chega a ser desonesto com os passageiros cada linha ter um horário. Tem trabalhador em cada bairro”, lembra a dona de casa Palmira Nogueira, 74.

Outro problema é a existência de apenas um veículo em algumas linhas. Com isso, passageiros são obrigados a recorrer a parentes para conseguir percorrer o trajeto entre o Centro e o bairro de residência. “Se eu perco o ônibus da 17h, por exemplo, já tenho de ligar para o meu pai, porque o outro (coletivo) só vai passar às 17h45. Para a gente, que acorda cedo, é difícil ter de ficar aqui esperando”, relata a recepcionista Renata Dias, 34.

Para a estudante Karina Ramos da Silva, 20, a diminuição dos intervalos longos entre os coletivos precisa ser solucionada com urgência. “Os ônibus não chegam a ser velhos, mas as linhas precisam ter mais veículos para não demorar tanto. Você chega no terminal e precisa ficar no ponto por muito tempo.”

Segundo a Prefeitura, por mais que usuários relatem falta de infraestrutura do sistema, num todo, o número de reclamações em relação ao serviço tem apresentado queda. Em 2015 foram 122 queixas, contra 99 no ano passado. Neste ano, a quantidade, até o mês passado, foi de 40 queixas.

Já em relação à frota da cidade, a Prefeitura destacou que 100% dos veículos são acessíveis. O município, no entanto, não detalhou dados sobre número de passageiros transportados, nem o valor de subsídio repassado para a Rigras, empresa responsável pelo gerenciamento do serviço.

Prefeitura autoriza dois reajustes na tarifa em período de dez meses

Na tentativa de reverter crise financeira enfrentada pela Rigras – concessionária responsável pelo sistema de transporte coletivo municipal – a Prefeitura de Ribeirão Pires autorizou, ao longo dos últimos dez meses, dois reajustes na tarifa de ônibus da cidade.

O procedimento, que foge da tradição adotada por municípios do Grande ABC, de apenas um reajuste a cada ano, segundo a administração, atendeu pedido de reequilíbrio econômico e financeiro contratual apresentado pela Rigras que, desde 2016, tem encontrado dificuldades para manter a operação do serviço.

O primeiro reajuste adotado pela Prefeitura ocorreu em novembro de 2016, às vésperas da troca de prefeito, quando funcionários da empresa cruzaram os braços por conta de atraso nos salários. Na ocasião, a cidade atendeu ao pedido da empresa, reajustando a tarifa de R$ 3,50 para R$ 3,80, sob a justificativa de que a Prefeitura não tinha aumentado o valor da passagem em janeiro daquele ano junto com demais municípios em acordo firmado no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

O reajuste, contudo, não se mostrou suficiente para suportar aumento de custos com o serviço, incluindo os recentes reajustes do combustível. Na tentativa de reverter o quadro de crise da empresa, a Prefeitura optou, no mês passado, por promover novo reajuste, desta vez de R$ 0,20. A tarifa passou de R$ 3,80 para R$ 4.

Segundo a administração municipal, a medida atendeu novo pedido de reequilíbrio econômico feito pela Rigras. Nele, a empresa apresentou planilha com aumento dos custos da empresa para manter a operação do serviço.

Os aumentos recentes, no entanto, causaram revolta por parte da população, que não viu melhoras no serviço prestado pela empresa. “O valor da nossa passagem é o mesmo de Mauá, sendo que lá a cidade é bem maior. Aqui tem linha que só tem um ônibus e que demora 40 minutos para passar. Não é um reajuste justo”, destaca a vendedora Luana Domingues dos Santos, 27 anos.

Questionada sobre o valor do subsídio repassado anualmente pela Prefeitura de Ribeirão Pires para a Rigras para custeio dos serviçios, a administração municipal não retornou aos questionamentos do Diário.

Moradores criticam estrutura precária do terminal rodoviário

Falta de acessibilidade, lâmpadas queimadas, bancos com problemas. As reclamações de usuários do sistema de transporte público de Ribeirão Pires são inúmeras quando o assunto trata-se da estrutura do terminal rodoviária do município.

Inaugurado em maio de 2009, na época com direito à presença do então governador do Estado, José Serra (PSDB), o equipamento, localizado na região central da cidade, já apresenta sinais de desgaste.

“À noite isso aqui é um apagão total. Muitos pontos do terminal estão sem iluminação. Nem andando em grupo você tem segurança”, destaca a auxiliar de serviços gerais Fátima Muniz, 46 anos.

Logo na entrada do equipamento público, próximo à saída da Estação Ribeirão Pires da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), já é possível notar sinais de abandono no espaço. Na área, excesso de buracos torna-se obstáculo para pedestres e motoristas. “Como pode a Prefeitura permitir buracos no terminal de ônibus? É um descaso total”, considera a estudante Juliana Pereira dos Santos, 24.

Pichações nas dependências do terminal rodoviário, inclusive nos banheiros, além de infiltrações no telhado foram outros problemas verificados pela equipe de reportagem do Diário durante visita realizada no equipamento, na sexta-feira. “Quando chove, sofremos muito, pois cai goteira para todo o canto. Eles (Prefeitura) poderiam arrumar pelo meno isso”, relata a empregada doméstica Ruth Nogueira, 51.




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