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Crime causa comoção e revolta a sem-teto

Polícia não sabe o paradeiro de homem que matou a pauladas dois moradores de rua em Sto.André

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
30/08/2017 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


O assassinato a pauladas de dois moradores de rua, ocorrido no domingo, no bairro Casa Branca, região central de Santo André, causou comoção e revolta a quem vive na área. Fabio Netto das Neves, 48 anos, e o inglês Michael Steer Renshaw, 50, foram mortos enquanto dormiam, na calçada do Cini (Centro Integrado de Neurologia Infantil). O autor do crime – cuja suspeita da polícia é que também se trate de sem-teto – utilizou barra de ferro para cometer o delito. Ainda não há pistas sobre o paradeiro dele.

As vítimas são descritas por quem as conhecia como pessoas educadas e alegres. Amigos que conviveram com a dupla nas ruas contam que Neves estudou Direito e Renshaw foi professor de inglês. “O gringo me ensinou diversas palavras (do idioma). Todo mundo gostava deles, não faziam mal a ninguém”, contou, emocionado, o ex-morador de rua João Lucio Oliveira, 46. Ele disse ainda que o suspeito pelo crime já teria lhe apontado uma faca em briga por conta de bebida, quatro meses atrás. “O que ele fez agora, terá de pagar.”

Em junho de 2015, para reportagem sobre o frio intenso que castigava os moradores de rua, a equipe de reportagem do Diário conversou com Neves. Na ocasião, ele contou que tinha dois filhos e que havia ido viver na rua “por série de coisas”. “O problema é o álcool. Você acha que alguém quer estar na rua?”, declarou, à época.

Ontem, a polícia divulgou imagens captadas por câmeras de monitoramento de estabelecimentos locais. A ex-moradora de rua Luciana Aparecida dos Santos, 36, disse ter reconhecido o criminoso. Ela confirmou se tratar de sem-teto, e que ele sempre estava pelo local conflitando com demais andarilhos. Ela contou, inclusive, que o encontrou em um mercado atacadista, anteontem, um dia depois do crime.

“Perguntei se ele soube o que tinha acontecido com os meninos. Respondeu que não estava aqui, e saiu dando risada”, relatou. “Ele é frio. Tive algumas confusões com ele e agora estou com medo”, acrescenta.

A barra de ferro foi arrancada do estacionamento do salão de cabeleireiros de Eduardo Maccario, 70. No jardim da entrada do estabelecimento ainda estão cobertores e chinelos das vítimas, que o comerciante os autorizava a guardar. “Eles respeitavam todo mundo, desejavam bom dia quando a gente passava. São duas pessoas que farão falta”, fala. “Acredito que logo (o criminoso) será preso”, completa.

“Estamos trabalhando para confirmar as informações que chegam, prender o autor e descobrir a real motivação do crime. As investigações estão no início e vamos conseguir”, salienta o delegado do setor de homicídios da Seccional de Santo André Marcio Tosatti. A polícia também busca um terceiro morador de rua, que conseguiu escapar do local.  




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