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Banalizou-se o terror

É certo que já vai longe a época em que algumas regiões desse planeta exercitaram pela última vez a liberdade

Por Rodolfo de Souza
24/08/2017 | 07:16
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 E novamente o homem levanta a mão para ferir de morte o semelhante. Consegue, com isso, atingir o coração empático do resto do mundo que se apavora diante da nítida impressão de estar mergulhando de cabeça no enigmático final dos tempos, como apregoam algumas religiões. Logicamente que se isso acontecer, não sobrará gente para pensar no terror e preencher de medo o peito cansado. Nada restará, então, ao ser, cujo anseio maior se resume em promover a morte por atacado, senão o consolo da bala que lhe sobrou na câmara e que aguarda, sôfrega, o momento de ser conduzida à sua própria cabeça, pelo seu próprio dedo.

É certo que já vai longe a época em que algumas regiões desse planeta exercitaram pela última vez a liberdade. Os ditadores que por lá ditam as normas, afinal, são terroristas que apavoram a própria gente, isso desde que as civilizações começaram a se formar. Tem ditador, inclusive, que em pleno século XXI, pretende botar fogo no mundo como se não dependesse dele para continuar respirando e sorrindo. Tem outro capaz de forjar eleição e escrever constituição que lhe conceda amplos poderes, dos quais necessita para manter intocável sua mente insana de chefe maior de uma nação em ruínas.

A variedade é tão grande que há um país que, diferente dos outros, não é comandado por um único ditador e sim por centenas deles. Todos imbuídos da mesma compulsão que os impele a destruir os sonhos da população como forma de manter de pé palácios e reinados. Não sabem, todavia, que, juntamente com esse povo, sucumbirão com castelos e tudo.

Até o império lá do norte que se considera indestrutível, haverá de cair um dia, como outros impérios do passado desabaram, deixando só o pó que figura hoje impávido em belas fotos nos livros de história. Estudiosos do futuro, aliás, pouca importância darão ao gigante que se diverte financiando a degradação social de países inteiros, só para consumar seu status de conquistador e senhor da terra.

Não sabe que cairá, como caiu Roma.

O terror é, inclusive, fruto dessa árvore que aparentemente produz somente boas maçãs, mas da qual é possível também colher o ódio que vem com o domínio, com o jogo de influência que move as pedras do tabuleiro de um intrincado jogo de poder em que os donos da grana são sempre os mesmos. E, à sombra das ruínas de nações inteiras, surge o povo que foge, que busca outras partes do mundo onde, ouviram dizer, há prosperidade. Se é lá o eldorado, é para lá que iremos! E é dessa aflição toda que também brota o ódio, o radicalismo e o oportunismo. Gente que se aproveita do sofrimento para por em prática ideais de morte que, acreditam, não salvarão sua pele, mas conduzirão suas almas para o paraíso. Como se Deus fosse tolo.

A equação que matemático algum consegue resolver, portanto, está relacionada a uma forma de se conter o terror propagado por terroristas armados com veículos que matam. Mas o que dizer dos terroristas que carregam a chancela que autoriza matar em nome de uma justiça, cujo significado sequer conhecem? A eles e a todos os demais terroristas, o meu repúdio.




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