Memória Titulo
Um livro que faz lembrar Possidonio
Ademir Medici
18/08/2017 | 07:00
Compartilhar notícia


 O advogado e escritor Antonio Possidonio Sampaio, o grande autor das histórias do movimento sindical do Grande ABC, tem um seguidor de estilo próprio e diversificado. Jerônimo de Almeida Neto, autor de vários livros e do belíssimo O Barro da Rua Biguá, lança hoje uma nova obra-prima. Rosa do Bar da Rosa: você e tanta gente mais não podem perder este livro.

 

O operário trabalha. Levanta peso. Obedece a ordens. Sugere melhorias no ambiente do trabalho. Reclama e resmunga. Ora silencia, ora extrapola. Defende seus direitos. Uns participam das ações do sindicato de classe, outros furam greve. Uns estudam, muitos são explorados – pelo patrão e pelo próprio colega puxa-saco do patrão. Como regra geral, o operário batalha, e muito, vai à luta, constrói um País e faz história.

 

O que o trabalhador conversa nos bastidores do seu trabalho? Uma boa resposta está no livro Prosa de Peão, de Jerônimo de Almeida Neto (Coopacesso, cooperativa cultural da Vila Guaraciaba, em Santo André), a ser lançado hoje à noite no encerramento da Semana Municipal Guido Fidelis de Literatura de Santo André, na Câmara Municipal.

São crônicas de fatos verdadeiros, assistidos pelo autor – hoje professor, com formação universitária e cursos pró-graduação, outrora trabalhador de fábrica – ou que Jerônimo, como bom repórter, captou nas conversas em que participaram companheiros mais velhos.

<Linguagem fácil. Bom português. Sempre com um título sugestivo. E uma evocação: “Essa é do Wallace”; “Essa é do Jegão”, “É mais uma do Cabeça do Poeta”.

Professor Jerônimo pode não saber o nome completo do personagem, mas os apelidos desfilados demonstram toda a criatividade por trás de uma linha de produção. Fatos que não saem em jornais. Nem na mídia modernizante dos dias atuais. E que se propagam pela infalível ‘Rádio Peão’ e agora são eternizados num livro belíssimo de quase 160 páginas.

Interessante que Jerônimo foi aluno e professor do Senai. Viveu os últimos momentos do Senai de Santo André, no Centro, e assistiu à sua inauguração na Perimetral. E as primeiras crônicas falam da unidade Senai andreense.

O material maior é coletado mesmo na fábrica. Guido Fidelis adoraria. Provavelmente as novas gerações desconhecem a existência de uma Villares em São Bernardo. Assim, Prosa de Peão ajuda a construir, também, a memória de um Grande ABC que já foi industrial e hoje vive a curva descendente da sua economia fabril.

Há tópicos que demonstram essa tal de desindustrialização, quando empresas como a Atlas Copco se preparavam para transferir instalações para o Interior. O peão fala no livro, mas há espaço também para o gerente do RH, por exemplo, para o chefe irritado, para o supervisor. A estrela, contudo, é mesmo o peão, com suas tiradas e tirocínio.

“Quando nos dirigíamos à sede (do sindicato), fazíamos uma parada obrigatória no Bar da Rosa, uma japonesa muito conhecida dos metalúrgicos, desde os tempos do Lula. Lá fazíamos um lanche ou tomávamos umas cervejas. Muitas vezes, começávamos a reunião ali mesmo. Entre uma cerveja e outra, alguém puxava o assunto e pronto, tinha início o que deveria acontecer no sindicato” (da crônica Queijo Minas – esta é do Mauri e de outros mineiros também).

Salve o Nego Lira, o baiano Macaxeira, o Zé Capeta, o Jararaca, o Bezerra e o Bezerrinha, o Cabra, o Tonhão, o Barba, o...

 

SEMANA GUIDO FIDELIS DE LITERATURA

Encerramento: hoje, a partir das 18h

Local: Câmara Municipal de Santo André

Programa: sessão de autógrafos com escritores do Grande ABC, entre eles Jerônimo de Almeida Neto e o seu Prosa de Peão.

 

 

Diário há 30 anos

Terça-feira, 18 de agosto de 1987 – ano 30, edição 6523

Manchete – Governo pretende reduzir isenção fiscal do ICM

Paranapiacaba – O tombamento da vila ferroviária foi aprovado ontem, por unanimidade, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico – o Condephaat, órgão estadual.

Santo André – Heliporto é atração em casa da Vila Curuçá. Está instalado na casa do piloto Emydio Sidnei Conti, na Praça da República.

Artes Plásticas – Ana Tavares, artista de São Caetano, participará, em outubro, da 19ª Bienal de São Paulo.

 

Em 18 de agosto de...

1911 – Instalado o Distrito de Paz de Santo André.

1917 – A guerra. Do noticiário do Estadão: brilhante resistência dos portugueses.

Colocada à venda o número 3 da revista Eu Sei Tudo. Os números 1 e 2 estavam esgotados. Criada em 1917, a revista circulou até 1958.

1913 – Fundado o Primeiro de Maio FC, de Santo André.

1972 – Desmoronamento atinge 50 casas na Vila Albertina, em Campos do Jordão. São mais de 30 mortos. Tragédia é coberta pelo repórter-fotográfico Mario Otsubo, do Diário.

Falece o ator Sérgio Cardoso, aos 47 anos.

 

Santos do Dia

Helena. Conta a tradição que Helena ajudou, em Jerusalém, o bispo Macário a identificar a verdadeira cruz de Jesus, quando as três foram encontradas. Para isso, levaram ao local uma mulher agonizante, que se curou milagrosamente ao tocar aquela que era a verdadeira.

Informação e ilustração: blog Franciscanos

Alberto Hurtado, santo chileno

Angelo d’Agostini

 

Municípios Brasileiros

Celebram seus aniversários em 18 de agosto:

Em Goiás, Bom Jardim de Goiás

Em São Paulo, Cajuru e Guarani d’Oeste

No Ceará, Caririaçu

No Rio Grande do Sul, Cruz Alta e Tenente Portela

Em Tocantins, Itaguatins

No Mato Grosso, Nova Santa Helena

Em Minas Gerais, Porto Firme

Fonte: IBGE

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;