Economia Titulo Petroquímico
Polo da região tem dobro de reclamações

Cada indústria do complexo tem 1,82 objeção por ano, enquanto a média nacional é de 0,7

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
17/08/2017 | 07:19
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As 14 indústrias que formam o Polo Petroquímico do Grande ABC receberam durante 2016 média de 1,82 reclamação cada, totalizando 25,48, segundo levantamento do Cofip ABC (Comitê de Fomento Industrial Polo do Grande ABC). O dado equivale a mais do que o dobro da média nacional, de 0,7, referente ao ano de 2015, uma vez que a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) ainda está compilando as informações do ano passado. O comparativo foi divulgado ontem, durante evento sobre as práticas em segurança industrial.

Conforme pesquisa do Datafolha, encomendada pela Braskem e divulgada no início do mês, 73% dos moradores da região consideram que a presença das petroquímicas tem pontos negativos. Destes, 60% disseram que o maior problema é a poluição. No entanto, o presidente do Cofip ABC, Claudemir Peres, garante que o investimento em segurança ambiental é intrínseco aos demais investimentos. “Quaisquer ampliações nas plantas só serão autorizadas caso haja um benefício ambiental comprovado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo)”, atesta. Exemplo é a confecção de insulfilme, que impede a entrada excessiva de sol e evita o maior aquecimento do ambiente, o que, consequentemente, demanda menor utilização de energia elétrica.

O levantamento também apontou que a função do complexo não é clara a todos os entrevistados, assim como os verdadeiros riscos e mitos – como o fato de a fumaça branca e o flare poluírem, mas não oferecerem risco à saúde.

Para conscientizar os munícipes sobre as atividades e diminuir este índice, o Cofip ABC criou o Conselho Comunitário Consultivo. Em operação há cinco meses e composto por 15 lideranças locais, ele é responsável por fomentar a relação entre os moradores e as empresas. Peres relata que, nas reuniões, são apresentadas as demandas da sociedade, enquanto as indústrias se preparam para responder a tais questões. “Quando nós temos um canal de comunicação franco e aberto, como o que estamos promovendo, as pessoas vão identificar os perigos que existem dentro de uma indústria, assim como terão acesso às formas de precaução e ao gerenciamento destes perigos”, completa.

Entretanto, na opinião do dirigente do Sindicato dos Químicos do ABC e funcionário do polo petroquímico há 32 anos Joel Santos da Silva, apesar de o complexo ser essencial para a economia da região – 60% da arrecadação de Mauá provém dele, assim como 40% da de Santo André –, ainda são encontradas falhas que podem colocar em risco trabalhadores e moradores. “A gestão das empresas toma boas decisões, mas as lideranças não atendem. Existem falhas de segurança nos processos do chão de fábrica”, explica. “Às vezes, mandam fazer a manutenção de tubulação e ela não é feita por causa de um vácuo na comunicação. Isso pode gerar vários eventos, como um vazamento”, fato comum, segundo o sindicalista. 




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