A dívida de R$ 46,5 milhões que, segundo confirmação do TCE (Tribunal de Contas do Estado) ao Diário, a Prefeitura tem com a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) expõe a complicada relação do governo com a autarquia. O débito, ao que consta, vem se acumulando desde 1996, quando o Paço, sabe-se lá por quais razões, resolveu pagar apenas parcialmente o valor das contas da água consumida nos prédios públicos. Uma irresponsabilidade administrativa que agora cobra a fatura.

As contas em aberto ora reveladas e a recente notificação que a Prefeitura recebeu para pagar 100% dos valores cobrados pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para fornecer água bruta à Sama exigem posicionamento imediato do prefeito Atila Jacomussi (PSB). Tamanho é o comprometimento que a autarquia causa às contas do município que o chefe do Executivo não deve tardar em enfrentar a situação.

Com a manutenção do cenário, e o rombo aumentando de volume, o futuro de Mauá ganha contornos de incertezas. O município corre o risco de, dentro de algum tempo, vir a ser obrigado judicialmente a pagar ambas as dívidas – que, somadas, ultrapassam a casa dos bilhões de reais – e entrar em colapso financeiro. Seria desastre para os mauaenses, que, além de terem de arcar com a conta dos desmandos que se sucedem há tempos, ver-se-iam com as torneiras secas.

Portanto, preservar a situação deficitária, em que o rombo dos cofres públicos aumenta a cada litro comprado da Sabesp, beira a inconsequência administrativa. Algo precisa ser feito para estancar a sangria. Torna-se necessário rever o posicionamento da Sama no organograma municipal de modo a recuperar a sustentabilidade do sistema financeiro da cidade e garantir o abastecimento da população. Por fim, no caso da dívida de quase R$ 50 milhões que o governo tem com a Sama, é preciso perguntar como a Prefeitura pode cobrar os consumidores para que mantenham o pagamento das contas de água em dia se nem ela mesmo cumpre com a obrigação?