O trágico fim do estudante Vinícius de Lima Vilela, de apenas 15 anos, expõe com crueza as deficiências das políticas públicas de Segurança no Grande ABC. O assassinato do jovem, que seguia para a escola em São Bernardo, em plena luz do dia, é inaceitável. Ou as lideranças da região reconhecem que a situação chegou ao limite, e passem a agir para diminuir a violência, ou a população deve se ambientar para a volta da barbárie. É hora de, a plenos pulmões, dizer basta.

Rever as estratégias de policiamento ostensivo se faz urgentemente necessário. Ocorrências de roubos nas primeiras horas da manhã têm se tornado corriqueiras nas sete cidades. Se a Polícia Militar ainda não percebeu é tão somente porque as vítimas, descrentes na eficiência das forças de Segurança na elucidação dos casos, desistiram de fazer os registros oficiais. Infelizmente, eventos dessa natureza só chegam às delegacias e aos jornais quando extrapolam os danos materiais e, atrozmente, resultam em vítimas fatais, como Vinícius.

Embora constitucionalmente a garantia da Segurança seja atribuição do Estado, municípios também podem – e devem – colaborar para afiançar a tranquilidade da sociedade. A retomada do Gamesp (Gabinete Metropolitano de Gestão Estratégica de Segurança Pública da Região Metropolitana de São Paulo), após paralisação de quatro anos, é instrumento essencial para o desenvolvimento de políticas antiviolência. Pela relevância do tema, a responsabilidade tem de ser difusa.

Ironia do destino: o crime que tirou a vida de Vinícius foi cometido no Dia do Estudante, enquanto o garoto seguia para a escola, na Rua Caminho da Educação. Algum recado deve estar embutido no encadeamento de fatos que resultaram na infeliz coincidência. Que a sociedade reflita sobre o inominável episódio e busque a pacificação do Grande ABC, para que a morte de Vinícius de Lima Vilela não seja em vão e ninguém mais tenha de passar pela triste experiência dos familiares e amigos de mais uma vítima inocente da violência urbana destes tempos sombrios.