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Servidor aprenderá Libras para ajudar no trabalho
Bia Moço
Especial para o Diário
03/08/2017 | 07:00
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 O curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais) da Sedef (Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência ou Mobilidade Reduzida), de São Caetano, teve início nesta semana com 265 inscritos, sendo 51% de funcionários públicos, que sentiram a necessidade de aprender a linguagem dos sinais para atender mais adequadamente ao público.

É o caso da pediatra da rede pública Márcia Fernandes, 57 anos, que trabalha com funcionário com deficiência auditiva. “Muitas vezes atendo a pacientes cujas mães são surdas. Quando a criança é um pouco maior, ela acaba sendo nossa intérprete, mas quando é pequena é muito difícil. A mãe tenta explicar os sintomas, o que medicou, o que aconteceu. Em atendimentos assim percebi o quanto poderia ajudá-las e me ajudar se aprendesse Libras.”

Segundo a Sedef, além da grande procura por parte de servidores públicos, o número de interessados foi superior à expectativa, sendo 49% dos inscritos da sociedade civil, com idades entre 9 e 64 anos. Segundo o secretário Cristiano de Freitas Gomes, ter de abrir lista de espera e pensar em novas turmas são conquistas para a cidade. “Estou encantado com a proporção que tomou. Acredito que contribuirá muito, sobretudo na melhoria do atendimento e acolhimento nas repartições públicas, onde temos o maior público interessado no curso.”

Censo do IBGE de 2010 aponta que em São Caetano cerca 8.000 pessoas têm alguma deficiência auditiva, seja total, parcial ou moderada. Para o secretário, essa foi a principal motivação para se investir nas Libras.

A cerimônia de abertura foi ministrada pelo professor Marcelo Bessa, coordenador e professor do curso, surdo de nascença e humorista. Em entrevista à equipe de reportagem do Diário, ele explicou a necessidade de passar esse conhecimento. “É difícil ensinar quem não tem a deficiência, mas é muito importante. Quando um surdo está entre pessoas ouvintes é como se estivéssemos em uma ilha, isolados. Fico muito feliz com a quantidade de pessoas procurando aprender”, explica.

Com sua linguagem de sinais, Marcelo brincou e mostrou como se faz humor. Também contou a história de vida, explicando que somente aprendeu Libras aos 21 anos – até então, ele se comunicava da forma possível.

A conversa contou com a colaboração de um dos alunos dele, o professor de Educação Física da rede municipal Ricardo Evaristo, 40, que atuou como intérprete de Marcelo. Ele é um dos casos de servidores públicos que buscaram aprender a Libras quando se deparou com alunos que tinham a deficiência. Atualmente, Ricardo está no nível avançado do curso e já colabora com interpretação, inclusive, em igrejas.

O curso de Libras traz duas inovações neste ano, sendo uma turma de gramática em Libras para surdos, que não aprendem a gramática comum, e o fornecimento gratuito de todo o material didático necessário, elaborado por Marcelo e ilustrado pela mulher dele, Sandra Fontalvo Bessa de Lima. Ela também tem deficiência auditiva total e é artista plástica.

 




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