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Reconstituição é alvo de protesto

Familiares de Daniel Masson, 35, atropelado por Francine de Lima, 30, com quem tinha relacionamento, concentraram-se no local; ela está presa

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
20/07/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 A reconstituição da morte do recepcionista Daniel Masson, 35 anos, que foi atropelado pela estudante Francine Suati de Lima, 30, com quem mantinha um relacionamento, foi realizada ontem na Rua Guadalajara, no bairro Assunção, em São Bernardo. Com a presença da acusada e protestos de amigos e familiares da vítima, a ação durou cerca de duas horas.

O crime ocorreu na noite de 18 de fevereiro deste ano (leia mais detalhes abaixo). Francine, que está presa na Penitenciária Feminina de Tremembé I desde 11 de março, permaneceu por cerca de meia hora no local da morte, onde refez os movimentos com base na versão dela.

Mesmo com bloqueios policiais em todos acessos à rua, o grupo que conhecia Masson levou cartazes e faixas pedindo Justiça. Gritos de ‘assassina’ podiam ser ouvidos quando a acusada conseguia ser vista,Testemunhas do caso também participaram de todo o ato.

Conforme a delegada do 3º DP (Assunção), Carolina Nascimento Silva Aguiar, que autuou Francine em flagrante, a Polícia Civil esteve na reconstituição para fazer o apoio operacional e garantir a ação. “A parte policial foi finalizada em fevereiro mesmo. Agora, está na fase judicial, ainda na produção das provas, inclusive a reprodução simulada dos fatos (reconstituição) foi requerida pela defesa e deferida, sem oposição da acusação, com objetivo de que houvesse a ampla defesa”, afirmou.

Segundo Carolina, a versão apresentada pela ré é de que o fato foi um acidente, contrário à conclusão do inquérito, segundo o qual houve crime. “Essa foi a conclusão minuciosamente descrita no relatório final do inquérito policial, a de que houve um crime. Além de testemunhas e câmeras, tivemos uma vida que foi ceifada.”

Para o advogado Isaac Minichilo de Araújo, assistente do Ministério Público na causa, a versão de Francine apresenta contradições. “Ela disse que não deu ré e se equivocou, mesmo com o carro automático, mas será desmascarada com este laudo que vai sair.” Ele também contou que a denúncia pelo MP foi de homicídio doloso com qualificadoras de crueldade e impossibilidade de defesa.

O advogado de defesa Eugênio Malavasi afirmou que a reconstituição foi positiva. “As testemunhas de acusação já caíram em contradição em relação às posições do corpo e do carro. Vamos provar que não houve intenção de matar. Respeitamos os amigos e os familiares da vítima, mas queremos a verdade. Ele se prostrou na frente do veículo, não houve dolo, o que hoje (ontem) foi bem explicitado”, disse.

O processo ainda aguarda parecer do juiz para decidir se Francine vai à júri. Conforme Araújo, a sentença de pronúncia deve ser feita em cerca de 60 dias. A funcionária pública Maria Joaquina Barbirato Masson, 60, mãe de Daniel, acompanhou a ação de longe e estava bastante emocionada. Ela não acredita na versão da acusada de que tenha sido acidente. “Tinha certeza, como mãe, que ela ia ou jogar meu filho dentro de penitenciária ou matá-lo, porque ela já falou isso mais de uma vez. Os vizinhos cansaram de ver”, disse.

Maria Joaquina faz tratamento para câncer no estômago, descoberto quatro dias após a morte do filho, e deve fazer cirurgia em breve. Cerca de 40 dias antes do crime, o marido morreu. Ela busca forças na Justiça para seguir em frente. “Tenho uma fé viva que meu filho vai ser justiçado. É inadmissível o que ela fez.”

Carro passou mais de uma vez em cima da vítima

A morte do recepcionista Daniel Masson, 35 anos, em fevereiro deste ano, quando foi atropelado pela estudante Francine Suati de Lima, 30, ocorreu após discussão entre o casal. Os dois teriam se desentendido durante participação em bloco carnavalesco, no bairro Assunção. Ela chegou a passar com o carro mais de uma vez por cima da vítima.

Por volta das 20h, após a discussão, Francine teria perdido o controle da conversa e iniciado agressões ao companheiro. Imagens de segurança obtidas pela polícia mostraram que Masson chegou a tentar se afastar da namorada, que perseguiu o companheiro desferindo tapas e até mesmo rasgando a blusa dele.

Após a agressão, Masson seguiu a pé até a residência, localizada a poucos metros do ponto da briga. Durante o percurso, o recepcionista foi atropelado por Francine. O veículo Toyota Corolla que a estudante dirigia passou mais de uma vez por cima da vítima.

Apesar de serem tratados como casal, os dois não mantinham um namoro, segundo a mãe de Daniel. “Ele não conhecia a família dela” afirmou a funcionária pública Maria Joaquina Barbirato Masson,60, que disse já ter sido agredida por Francine, quando ela foi até sua casa ofender o filho.

“As imagens falam por si. Não foi um suicídio, ele não se jogou. E não tem como confundir a ré. Ela passou em cima do meu irmão três vezes”, contou a irmã Débora Fernanda Barbirato Masson, 39.  




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