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Grande ABC volta a demitir após dois meses

Depois de ensaiar retomada em abril e maio,
empresas da região fecham 864 postos em junho

Por Gabriel Russini
Especial para o Diário
18/07/2017 | 07:14
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Divulgação


Após ensaiar retomada na geração de emprego entre abril e maio, as empresas do Grande ABC voltaram a demitir. Em junho, o saldo (diferença entre admissões e demissões) ficou negativo em 864 postos com carteira assinada. Levantados pela equipe do Diário, os dados integram o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), estudo realizado mensalmente pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

O cenário da região vai na contramão do observado no restante do País, que pelo terceiro mês consecutivo registrou criação de vagas. Em junho, foram abertas 9.821 oportunidades. “Os setores da agricultura e agropecuária, atividades que não predominam no Grande ABC, acabaram puxando o índice nacional para cima”, explica o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. Devido ao período de safra de café, laranja e soja, houve demanda adicional por mão de obra.

Em abril, quando foi interrompida sequência de 28 meses de saldos negativos, registrou-se a criação de 845 vagas, enquanto que, em maio, 197 contratações foram realizadas. Devido à grande concentração de indústrias na região, um dos setores mais afetados pela crise e o que mais demitiu em junho, com 530 baixas, as sete cidades costumam demorar mais para se recuperar economicamente.

“Em tempos de retomada lenta, é normal que a geração de trabalho oscile. O ambiente ainda está muito instável, e o emprego é o último a reagir”, assinala Balistiero.

Mesmo assim, quando comparado ao desempenho de junho de 2016, é possível notar desaceleração no ritmo de dispensas, já que, à época, foram listadas 2.090 rescisões. Outro dado que endossa a perda de velocidade dos cortes é o volume de registros do primeiro semestre – 4.648 baixas – em relação ao dos primeiros seis meses do ano passado – 16.575 demissões. “Isso não significa que o cenário está melhor, já que a base de comparação é extremamente fraca”, diz Sandro Maskio, professor e coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo. “Além disso, a piora na conjuntura política adia qualquer intenção de investimento pesado, principalmente na indústria e na construção civil”, completa. Esse segmento, aliás, foi o segundo que mais demitiu na região: 363 trabalhadores. Na sequência, veio serviços, com 64 desligamentos. Dos quatro setores analisados, o único que encerrou junho no azul foi o comércio, com 93 vagas.

Para George Sales, economista e professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais, Financeiras), a criação de empregos pode ser retomada quando a nova legislação trabalhista entrar em vigor, em novembro. “O empresariado vai esperar o melhor momento para contratar”, afirma. Sancionada pelo presidente Michel Temer (PMDB) na semana passada, a reforma prevê maior flexibilização para admitir – e também para dispensar. “A tendência é que índices positivos de emprego comecem a ser vistos com mais frequência no início do próximo ano.”


Ribeirão e Santo André foram as únicas cidades com saldo positivo

Ao analisar as sete cidades, apenas duas encerraram o mês de junho no azul: Ribeirão Pires, com saldo positivo de 166 postos e Santo André, que verificou a geração de 26 oportunidades com carteira assinada.

Em contrapartida, os municípios que apresentaram as maiores dispensas foram São Bernardo, com 401 chances a menos, seguido de São Caetano, com 280 dispensas, Mauá com 234, Diadema com 127 e Rio Grande da Serra com 14 rescisões de contrato de trabalho.

NO BRASIL - O saldo positivo no País foi impulsionado por dois setores. O agropecuário finalizou junho com a abertura de 36.827 postos, alta de 2,29% na comparação com o mês anterior, repetindo o desempenho do mês de maio, que havia registrado a criação de 46.049 vagas. Mais uma vez, o cultivo de café foi o carro-chefe do crescimento, com a geração de 10.804 oportunidades, principalmente em Minas Gerais.

Também se destacaram os subsetores de atividades de apoio à agricultura, que tiveram 10.645 contratações. O cultivo de laranja demandou 7.409 profissionais com carteira assinada, sendo a maioria em São Paulo, e o de soja criou 2.480 vagas, principalmente no Mato Grosso.
 




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