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Nova direção nacional do PT exclui quadros do Grande ABC
Raphael Rocha
Diário do Grande ABC
09/07/2017 | 07:00
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Ricardo Stuckert/Divulgação


A nova composição da executiva nacional do PT, empossada na quarta-feira, deixou de lado quadros do Grande ABC, apesar de a região ser o local do nascimento do partido, em 1980.

São 27 integrantes da executiva – excluindo o presidente de honra da legenda (Luiz Inácio Lula da Silva) e os líderes do Senado (Lindbergh Farias) e da Câmara (Carlos Zarattini). Nenhum deles com base eleitoral ou política na região. A presidente é a senadora Gleisi Hoffmann, que, apesar de ser do Paraná, chegou ao posto como indicação da militância paulista.

É a segunda formação consecutiva da executiva a excluir o Grande ABC na lista de direção partidária. Durante o mandato de Rui Falcão, as sete cidades também foram deslocadas do núcleo duro da agremiação. Em 2016 – durante o trabalho de Falcão –, nenhum petista se elegeu prefeito no Grande ABC.

A última figura regional de destaque no PT nacional foi o ex-prefeito Oswaldo Dias, de Mauá, que compôs o diretório nacional quando o presidente do partido era José Eduardo Dutra, entre 2010 e 2012.

Dentro do organograma do PT, a executiva é refinamento do poder do diretório. As correntes internas indicam nomes para o diretório mediante a proporcionalidade no PED (Processo de Eleições Diretas). E a executiva pinça os principais quadros do diretório.

O atual diretório nacional do PT conta com um nome da região – Jandyra Uehara Alves, ex-presidente do Sindema (Sindicato dos Servidores Públicos de Diadema) e integrante da CUT (Central Única dos Trabalhadores) em âmbito nacional. Entretanto, como ela foi indicada pela corrente Articulação de Esquerda, deve ter pouca voz em decisões estratégicas. A tendência predominante no PT é a CNB (Construindo um Novo Brasil), capitaneada pelo ex-presidente Lula e que acolhe as principais lideranças do petismo. Oswaldo, por exemplo, é da CNB.

Assim que saiu a lista da atual executiva nacional começaram as reclamações na região. As maiores críticas recaíram ao ex-prefeito Luiz Marinho, hoje presidente estadual do PT. Tudo porque, nos bastidores do partido, o Grande ABC virou feudo do ex-chefe do Executivo de São Bernardo. Dirigentes nacionais avaliam que atender indicações de Marinho significa contemplar as sete cidades como um todo.

Outra polêmica da nova executiva é com relação à cota feminina. Embora pela primeira vez na história a sigla seja comandada por uma mulher – Gleisi –, as figuras femininas da executiva nacional ficaram restritas a cargos de menor importância. Todos os cinco vice-presidentes, por exemplo, são homens (Paulo Teixeira, Luiz Dulci, Alexandre Padilha, Alberto Cantalice e Marcio Macedo). Das 11 secretarias setoriais do partido, apenas três estão com elas.

O PT nacional preferiu não comentar o caso.

Região tem três indicações no PT paulista

Na direção estadual, quatro nomes do Grande ABC estarão no diretório do PT paulista. O presidente é o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho, que terá ao seu lado Alessandra Dadona (filiada em Santo André), Eric dos Santos Silva (também de Santo André) e o ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, de Diadema.

Maninho foi confirmado no diretório após semanas de suspense. Havia, nos bastidores, rumores de que acordo costurado com diretórios da região pudesse ser desfeito. Mas o ex-vereador e ex-prefeiturável foi ratificado. Ele quebra hiato de mais de 20 anos do diretório de Diadema – o último diademense indicado para o comando estadual do PT havia sido o ex-prefeito José Augusto da Silva Ramos, hoje no PSDB e uma das figuras mais criticadas pelos petistas na cidade.

Eric dos Santos Silva, 24 anos, pertence à corrente EPS (Esquerda Popular Socialista) e tem trabalho ao lado do ex-vereador e ex-secretário de Cultura de Santo André Tiago Nogueira.

Para Eric, o momento agora do petismo é buscar a renovação de quadros para superar a crise institucional. “Sou o integrante mais jovem do diretório. É uma fase difícil para o PT. Mas precisamos ter ousadia e renovação. O PT precisa renovar seus quadros. Acho que temos de apostar em deputados estaduais e federais mais jovens no ano que vem.”

Alessandra Dadona, embora seja filiada ao PT de Santo André, tem atuação política mais voltada à Capital. Socióloga, ela foi secretária estadual da juventude do PT até 2011.

A executiva do PT ainda não foi divulgada. É esse setor o responsável pelas principais discussões do partido antes de os casos serem levados à militância.




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