Terapias oferecidas na rede pública de Saúde da região complementam tratamento da população
Problemas de saúde passam a ser bem menos tortuosos quando as técnicas convencionais da Medicina se unem às chamadas práticas integrativas e complementares e tratamentos com recursos terapêuticos voltados para curar e prevenir doenças. E são pelos diversos benefícios que trazem que elas têm ganhado espaço na rede pública, inclusive, da região. Das cidades que retornaram as informações ao Diário (Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires), somente a última não oferta os procedimentos, mas a Prefeitura ressalta “verificar a viabilidade”.
A Política Nacional de Práticas Integrativas do SUS (Sistema Único de Saúde) foi criada em 2006. No fim de março, o Ministério da Saúde incluiu no leque de serviços ofertados a pacientes da rede pública as terapias alternativas. Atualmente, inclui 19 atividades, entre as quais acupuntura, ioga, meditação, musicoterapia (conjunto de técnicas baseadas na música) e Reiki (prática de imposição das mãos por meio de toque ou aproximação para estimular mecanismos naturais de recuperação da saúde).
Em Santo André, no Centro de Especialidades I e na Unidade de Saúde de Utinga são realizados atendimentos de acupuntura, sendo que nesta última são oferecidos ainda alongamentos suaves para o grupo de Hiperdia (Programa de Hipertensão e Diabetes). A média semanal é de 20 pessoas assistidas. “Os alongamentos suaves também fazem parte do projeto Pausa Saudável, voltado a funcionários. Trabalham a percepção corporal e ampliam os movimentos”, fala a coordenadora de práticas integrativas e complementares da Prefeitura andreense, Gislene Moreira Alves, 57 anos.
O Reiki é outra terapia oferecida no Centro de Especialidades I. A aposentada Maria Aparecida de Moraes, 63, é uma das participantes. Com as sessões, diminuiu o uso de remédio para as dores nas articulações. “Tomava medicação três vezes por dia, agora, somente uma”, diz ela, que fez curso na área para aplicar a técnica em conhecidos.
Os problemas de ansiedade de Jorge William Rodrigues da Silva, 23, também reduziram com a prática. “Se não fosse o Reiki, não estaria bem como estou hoje. É um apoio muito grande.”
No Centro de Especialidades III, homeopatia e acupuntura são oferecidas com média de 60 atendimentos por semana.
Em São Bernardo, dez tratamentos são ofertados nos Caps (Centros de Atendimento Psicossocial) e nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), entre os quais arteterapia (método baseado no uso de diversas formas de expressão artística com finalidade terapêutica), osteopático (voltado a problemas nos ossos, músculos e articulações que promete a cura de males como hérnias e dores nas costas sem remédio nem cirurgia) e quiroprática (tratamento das doenças pela manipulação das vértebras). Segundo a Prefeitura, não é possível quantificar o número de pessoas cuidadas.
Mauá oferece arteterapia (70 pessoas atendidas), Lian Gong (ginástica chinesa, com adesão de 100 usuários por semana), e ioga (350 pessoas semanalmente). Com fibromialgia, tendinite e desgaste na lombar, a costureira Laurinda Aparecida dos Santos, 60, conta que, antes do ioga, “apenas a língua e o cabelo não doíam”. “Agora, faço coisas que minha neta de 21 anos não faz. É o meu remédio.”
“O foco (das atividades) é atuar na prevenção, na promoção e na reabilitação da saúde, mas os benefícios são em todos os níveis: biológico, psíquico, biopsicofísico e emocional”, salienta a pesquisadora em práticas complementares integrativas do Centro de Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) Ana Lucia Lumazini de Moraes.
Os ganhos são também para o sistema público, aponta a coordenadora do Núcleo de Medicina e Práticas Integrativas da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Sissy Fontes. “Tem impacto positivo na diminuição de comorbidades e, com isso, de consultas recidivas e de internações. O custo-benefício é interessante para o SUS.”
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