Na montagem, o trio adentra o universo cruel do escritor francês no qual duas criadas planejam a morte de sua patroa. "É uma atmosfera muito sombria", explica o diretor conhecido como Radek. "A peça traz uma situação obscura que também permite uma catarse às criadas", conta ainda.
Enquanto Madame não chega, as empregadas Solange e Claire estão no quarto da patroa vestindo suas roupas, experimentando seus chapéus e revivendo uma rotina de opressão, enquanto revelam segredos de ódio e inveja. "As atrizes são disciplinadas e muito diferentes entre si. Há uma individuação que busquei nos ensaios para reforçar as características de cada uma", diz o diretor.
A história foi inspirada no caso real das irmãs Papin, que assassinaram a mulher e a filha do seu patrão na França, em 1933. Na época, não apenas Genet, mas Sartre e Jacques Lacan se debruçaram sobre o ocorrido, considerando um retrato da luta de classes.
Para Bete, a experiência com o diretor vai na contramão de suas últimas montagens, que compunham paisagens no palco com grande apelo visual. "Ele traz a palavra mais rasgada", conta. "O diretor seca o cenário para molhar o texto e as nossas ações no palco." A atriz conta que participar de um texto francês com direção polonesa é só mais uma das capacidades do teatro. "As fronteiras não importam tanto, porque acabamos nos parecendo muito semelhantes. O teatro tem essa superioridade."
FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Vários lugares. De 6 a 15/7.
R$ 10. www.fitriopreto.com.br
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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