A projeção divulgada ontem pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) serve de alerta aos prefeitos das sete cidades. Ao afirmar que um em cada três moradores do Grande ABC terá 60 anos ou mais daqui a 33 anos, o estudo fornece tempo razoável para os municípios se estruturarem de modo a atender com eficiência as demandas ocasionadas pelo envelhecimento populacional. Idosos têm demandas específicas e precisam ser contemplados em suas particularidades, como a maior necessidade de acompanhamento médico.

Neste aspecto, necessário tocar em temas espinhosos e polêmicos, como a falta de conexão entre a academia e a realidade. De acordo com dados divulgados pela Câmara Federal, das 156 faculdades de medicina em funcionamento no Brasil em 2013, apenas sete tinham curso de geriatria. Embora a estatística não seja das mais atuais, ela dá ideia do quanto o País está despreparado para enfrentar o diagnóstico etário ora retratado pelo estudo da Fundação Seade.

E a adaptação do sistema de Saúde está longe de ser o único, ou o principal, desafio dos gestores preocupados com os efeitos do aumento da idade da sociedade. Recente pesquisa patrocinada pela ONU (Organização das Nações Unidas), intitulada Envelhecimento no Século XXI, concluiu que a maior preocupação dos entrevistados era a segurança financeira dos idosos – ou, traduzindo em termos práticos, a seguridade social.

É evidente que as responsabilidades devem ser compartilhadas entre todas as esferas de poder, mas os municípios têm a obrigação de se prepararem para o horizonte que se desnuda. O cenário foi adiantado em três décadas, garantindo plenas condições para que sejam formuladas, estruturadas e implantadas as políticas públicas necessárias para assegurar o bem-estar do indivíduo com 60 anos ou mais. As sete cidades, que contam com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, devem começar imediatamente a discutir o assunto. Porque o País do futuro já está batendo às portas, com todos os desafios que lhe são inerentes.