Em depoimento prestado ontem à CPI do Lixo, em São Bernardo, o ex-secretário de Serviços Urbanos e candidato derrotado a prefeito em 2016 pelo PT, Tarcisio Secoli, afirmou que a Prefeitura não fez qualquer repasse ao Consórcio SBC Valorização de Resíduos Sólidos Revita e Lara relativo à construção da usina de incineração de lixo, no Grande Alvarenga.

Tarcisio explicou que a demora para a liberação, por parte da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), de licenças necessárias para instalação do equipamento reduziu os repasses mensais feitos à empresa. “No segundo ano estava previsto um reajuste no contrato, de R$ 12,5 milhões mensais para R$ 14,5 milhões mensais, mas os problemas com a Cetesb fizeram com que a gestão segurasse os valores destinados à usina até a resolução do problema”, ponderou.

Na visão do petista, há problemas de entendimento no formato da PPP (Parceria Público-Privada). “É um processo novo, no qual não existem serviços valorados. Temos um pacote de trabalho e a cidade tem que permanecer limpa. Isso tem um valor. Não vejo argumento técnico razoável para o rompimento do contrato”, defendeu Tarcisio Secoli.

O ex-titular do governo do ex-prefeito Luiz Marinho (PT) pontuou ainda que o reequilíbrio econômico-financeiro é constante neste tipo de acordo. O contrato entre a Prefeitura e o Consórcio SBC, firmado em 2011, no valor de R$ 4,3 bilhões, tem prazo de 30 anos.

Para o presidente da CPI, o vereador Ary de Oliveira (PSDB), a oitiva foi proveitosa para os trabalhos da comissão. “A vinda do Tarcisio foi importante pois trouxe dados técnicos que outros depoentes não tiveram condições de responder. Alguns elementos serão úteis, como a informação de que a área só poderia ser desapropriada com autorização prévia, o que não ocorreu e não temos a usina até hoje”, constatou o tucano.

Na volta do recesso, os parlamentares colherão depoimento de Angelo Teixeira de Castro Carvalho, diretor-presidente da SBC Valorização.

O relatório final da CPI será votado pela comissão no dia 23 de agosto e posteriormente será encaminhado ao plenário da Câmara. A expectativa é que o texto final seja apreciado no início do mês de setembro.