De acordo com a Central de Polícia Judiciária de Campo Grande (PB), responsável pela investigação do caso, outras duas vítimas foram espancadas até a morte com barras de ferro, no pátio da unidade. Em seguida, também tiveram os corpos queimados. Os adolescentes mortos tinham de 15 a 17 anos.
Outros dois menores ficaram feridos e foram encaminhados para hospitais da cidade. Vítima de agressão física, um deles, de 16 anos, foi submetido a uma cirurgia para drenagem de uma hemorragia no tórax. O segundo, de 17 anos, também foi agredido e, após receber atendimento, voltou ao centro educativo.
Durante a rebelião, 11 internos fugiram. Um deles, de 17 anos, foi recapturado.
Segundo a polícia, o motim e a chacina foram comandados, na madrugada de sábado, 3, por quatro internos, todos maiores de 18 anos. A ação resultou da acusação de um deles de que outro havia roubado a casa de seus familiares. Eles tinham planejado matar os detentos e, em seguida, escapar da unidade. Três deles foram presos quando tentavam a fuga e levados para o Presídio Regional do Serrotão, em Campina Grande, a pouco mais de 10 quilômetros de Lagoa Seca. O quatro interno supostamente envolvido no crime continua foragido.
A superlotação é realidade no Lar do Garoto Padre Otávio Santos assim como em penitenciárias do País. O centro tem capacidade para 44 menores infratores em processo de ressocialização, mas abrigava 220 adolescentes. Neste local, o interno fica durante um período que varia de seis meses a três anos, de acordo com o tipo de crime praticado. Apesar de ser destinado a menores, há pessoas com até 21 anos. Isso ocorre quando o menor é preso, por exemplo, aos 17 anos e recebe pena de dois anos de ressocialização.
Neste domingo, 4, familiares de internos se deslocaram até o centro educativo em busca de notícias. Pela manhã, as informações sobre os mortos e feridos ainda eram desencontradas, deixando mães e pais apreensivos.
Troca de acusações
O Poder Judiciário e o governo da Paraíba trocaram ontem acusações por meio de notas oficiais sobre a responsabilidade pela chacina. O Tribunal de Justiça da Paraíba, em nota assinada pelo desembargador Joás de Brito Pereira Filho, lamentou as mortes, mas atribuiu a responsabilidade pela superlotação do local ao governo do Estado.
"A responsabilidade pela administração de tais unidades é do Poder Executivo e o problema da superlotação pode ser resolvido com a construção de novas unidades para cumprimento de medida socioeducativa de internação, nomeação e capacitação de servidores", diz a nota.
Já a Secretaria da Comunicação Institucional do governo do Estado informou que "tomará todas as providências cabíveis para apuração exata de todo o fato e, consequentemente, punição, no âmbito administrativo, dos responsáveis por eventuais omissões, negligências ou excessos". A nota afirma ainda que o governo "não admitirá que instituição alguma se revista no direito absoluto da verdade e possa apontar o dedo acusatório sem antes olha-se no espelho". (COlaborou Ricardo Araújo, especial para o Estado)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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