Palavra do Leitor Titulo Palavra do leitor
Corrupção, dívidas e a Previdência
Do Diário do Grande ABC
29/05/2017 | 11:21
Compartilhar notícia


Há disparate relacionado ao deficit da Previdência Social no Brasil. Além deste rombo ser tese infundada do governo federal, já desmascarada pela Anfip e estudos recentes de economistas de universidade federais, há a revelação de que as empresas devedoras da Previdência representam quase três vezes o valor do tal deficit. Em recente levantamento, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional apurou que os devedores da Previdência Social acumulam dívida de R$ 426,07 bilhões, enquanto o deficit propagado em 2016 foi de R$ 149,7 bi. Entre os devedores está a JBS, com R$ 1,8 bilhão de dívida, que é a segunda no ranking com mais de 500 privadas, públicas, fundações, governos estaduais e prefeituras.

Como muitas outras empresas, a JBS preferiu investir na corrupção do que saldar seus débitos previdenciários, contribuindo com o falado deficit. A mineradora Vale também deve R$ 275 milhões aos cofres da seguridade social. As instituições bancárias também têm grandes dívidas com a Previdência: a Caixa Econômica Federal deve aproximadamente R$ 550 milhões. Bradesco, Banco do Brasil e Itaú Unibanco devem respectivamente, R$ 465 milhões, R$ 208 mi e R$ 88 mi.

Diante dessas cifras, fica a questão: deve-se mesmo retirar os direitos de trabalhadores e segurados do INSS neste momento de crises política e econômica em que passa o País? Certamente, não. Ressalta-se ainda que, diferentemente de economistas que estão jogando para o lado do governo de modo institucional na imprensa nacional, as reformas devem sair da pauta do Congresso Nacional de imediato. Não há clima nem confiança para os parlamentares votarem qualquer reforma estrutural sem ampla auditoria e intenso debate sobre as reais necessidades do sistema previdenciário brasileiro.

A gravidade dos fatos envolvendo diretamente Michel Temer e a maioria dos parlamentares impõe a retirada de pauta das reformas trabalhista e previdenciária, que atendem a interesses econômicos de diversas empresas envolvidas nos escândalos de corrupção. Neste momento não atendem aos anseios do trabalhador e do aposentado brasileiro. As reformas só interessam aos grandes grupos econômicos que mantêm relações promíscuas com atuais ocupantes do poder. Este é o momento de deixar as investigações abrirem a caixa-preta da União. Alguns economistas defendem que sem reforma da Previdência o futuro será de cofres vazios. Entretanto, pelas últimas notícias, conseguimos enxergar que pequena parte dessa propina que grandes empresas pagam para os políticos brasileiros seria suficiente para garantir anos de estabilidade aos cofres previdenciários.

Murilo Aith é advogado de Direito Previdenciário e sócio do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados.

Palavra do leitor

Não para mim

 Um leitor escreveu nesta Palavra do Leitor (Melhor Período, dia 25) que a época da ditadura militar foi a melhor da vida, porque tinha emprego e salário que não acabava antes do fim do mês. Lembrou, ainda, e achou bom o fato de ter que prestar exame pré-vestibular para entrar em escola estadual. Também sou dessa época e digo que foi o pior momento de minha vida. Hoje aposentado, também tive que fazer o exame de admissão para estudar em escola estadual, e isso só acontecia porque não havia escola para todos. Também tive emprego e salário, fui metalúrgico em diversas empresas do Grande ABC. Não posso me queixar, mas quando saía com meu carro, em muitos lugares tinha que ouvir gracinhas de policiais militares: ‘Esse carro é seu, neguinho?’ O leitor ainda pergunta qual governante militar morreu rico. A resposta é todos. Não só enriqueceram como deixaram várias filhas ‘solteiras’ recebendo gordas pensões, apenas por serem solteiras. 

Jerônimo de Almeida Neto

Santo André

Comigo também! 

 Assim que li a carta da leitora Elaide Pereira (Caladas, dia 24) quase que rebati de pronto, mas achei que fosse melhor as próprias senhoras se manifestarem primeiro (Falou comigo... –, ...Comigo – ...E comigo, dia 25), mesmo porque não tenho procuração de nenhuma delas. Deram respostas firmes e bem semelhantes, mostrando coerência no que dizem. São inteligentes. Parabéns. Agora, cara Elaide, acho que só tem uma ‘coitada’ na história. Passar bem!

Nelson Mendes

 São Bernardo

Mil maravilhas 

 Não temos o que ‘temer’, nada está acontecendo no cenário político nacional e ninguém fez ou sabe de nada. A Polícia Federal prende porque está brincando de polícia e ladrão, mas todos são inocentes e estão devolvendo milhões de reais porque amam o País e querem tirá-lo da crise. Está acabando a farra, tem que haver operações de investigação nas montadoras e bancos que pegaram empréstimos no BNDES, nos sindicatos e órgãos de classe. Deve-se fazer pente-fino em tudo neste País, ninguém está acima da lei. Todos devem abrir suas contas e quem não deve não tem o que ‘temer’. Estão caindo fora do tabuleiro rei e rainha, o bispo está dando o xeque-mate e esperamos que essa conta da corrupção não sobre para o peão. 

Ailton Gomes

Ribeirão Pires

Podridão

 É notória e agora escancarada a podridão. A repulsa e mesmo a náusea que essa forma de fazer política provocam na população são inclassificáveis. Senadores, ministros, governantes em todos os níveis, juntos, misturados num bolo fecal de roubos em série, como infestação de moscas a rondar sujeira. O sindicato do crime instaurado pelo PT em 13 anos de poder frutificou e se arraigou de tal maneira na Capital Federal que envolveu praticamente todos os atores numa grande fuzarca. Cambada de aloprados! Tome-se como exemplo a selvageria em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, no dia 24. Lula, o comandante supremo – como bem classificou a força-tarefa da Lava Jato – falava lá atrás que existiriam 300 picaretas comandando o Congresso. Hoje, sabe-se, são muito mais. Dentro e fora da casa parlamentar. E o autor da frase está prestes a prestar contas com a Justiça pelo mesmo crime. Cuidado com o que ele diz e faz!

Francisco Emídio Carneiro

São Bernardo

Vandalismo 

 Nos últimos anos participei de várias manifestações. Uma delas com mais de 1 milhão de pessoas na Paulista, num domingo claro, pois esse pessoal trabalha. Não vi sequer uma lixeira jogada ou queimada na rua. O vandalismo ocorrido em Brasília é inaceitável e os responsáveis devem pagar pelos atos de selvageria praticados. Ocorreram incêndios, roubos, depredações e outros atos criminosos que nada têm a ver com manifestação. Não precisa investigar muito para ir na ferida da questão. Só de São Paulo partiram mais 1.500 ônibus para Brasília, fretados pela Força Sindical e pela CUT (nosso dinheiro), além do lanchinho e da graninha, é claro. O problema está aí. Estão perdendo a mamata do imposto sindical, que está em trâmite no Congresso, e isso é como a morte para esse grupo. Para sobreviver vão ter que trabalhar como outro cidadão qualquer e isso é um pouco mais difícil. Não é mesmo?

Mauri Fontes

 Santo André

Cracolândia

 Assistimos pela TV cenas ao vivo e em cores da operação realizada na Cracolândia, que lembram filmes de zumbis. Seres humanos que chegaram ao fundo do poço, escravizados pelo consumo de drogas, livremente vendidas por traficantes, inescrupulosos, que agem desafrontadamente em território sem lei. A manutenção dessa área realmente não interessa a ninguém, exceto aos traficantes, que lucram com a destruição dos seres humanos. Algo precisava ser feito. O governo interveio por meio de ação planejada e articulada e o resultado dessa intervenção surtiu efeito positivo, devolvendo à área suas finalidades legais e sociais. Mas a situação é complexa e outras ações precisam ser tomadas. A internação compulsória dos usuários de drogas é o próximo passo, mas a medida é criticada por promotores públicos, com a alegação de que a internação compulsória promoverá o caos na cidade. Ora, por mais que eu respeite a promotoria, é preciso dizer aos senhores promotores que o caos já está instalado. Na presente situação não há de se falar em cerceamento da liberdade, pois a maior liberdade é quando você se livra daquilo que lhe faz mal.

Roberto Canavezzi

São Caetano




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;