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Indústria fecha 123 mil postos em 6 anos

Para especialista, Dia Da Indústria no Brasil
deve ser celebrado e refletido ao mesmo tempo

Por Gabriel Russini
Especial para o Diário
25/05/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A data de 25 de maio é considerada o Dia da Indústria no Brasil. Diante da turbulência nos cenários político e econômico, há quem possa se perguntar se existem motivos no setor para se comemorar. Para alguns especialistas, sim e não. De 2011 para cá, o estoque de mão de obra da área no Grande ABC caiu 32,7%, passando de 376 mil para 253 mil trabalhadores nas fábricas, uma diferença de 123 mil pessoas. Ou seja, é como se pouco mais de dois terços da população de São Caetano (158.825 mil moradores) perdessem o emprego.
Os dados são da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), obtidos pela Fundação Seade em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que leva em conta tanto os postos de trabalho formais quanto os autônomos e os informais.

Na avaliação do economista e professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), Silvio Paixão, a indústria, não só na região, mas como um todo, deveria ser mais preponderante na definição das políticas do setor. “Elas (indústrias) têm que assumir o controle do próprio destino. Infelizmente o nosso modelo não é voltado para o longo prazo.”

A indústria é afetada por diversos fatores, entre eles a queda nos investimentos, provocada pela insegurança dos empresários em razão do cenário atual. Apesar das recentes quedas, os juros elevados (a taxa Selic está em 11,25%) também desestimulam a produção, já que é mais vantajoso aplicar o capital no mercado financeiro do que no processo produtivo. Além da questão da rentabilidade, a modalidade é mais segura para quem faz o investimento.

Para o presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), o setor possui boas perspectivas para o futuro, mas que, neste momento, não há como dissociar política e economia. “A indústria e o Brasil são mais fortes que os políticos. Tenho certeza de que vamos conseguir superar esse momento recessivo.”

Na opinião do segundo vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Donizete Duarte da Silva, foi-se o tempo em que apenas operários eram contratados para suprir demandas do mercado. “Nossa estrutura industrial está falida e esgotada. Temos que contratar mais cérebros do que braços.”

Questionado a respeito da celebração da data, Silva vê com urgência a discussão de resoluções para o setor. “É de se comemorar pela importância que as nossas (indústrias) exercem na região, mas ainda há o que fazer.”
Para Ricardo Balistiero, economista e professor do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, de São Caetano, a data deve ser encarada de duas formas: atenção e entendimento. “Não existiria Grande ABC se não fosse as indústrias. É por isso que podemos comemorar.” As complicações que explodem em Brasília complicam o cenário e Balistiero acredita que a retomada só virá após a eleição presidencial de 2018. “Atrapalha bastante.”




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