Quatro anos e meio depois de sua inauguração, o prédio da Câmara de São Bernardo passará por ampla reforma estrutural. O espaço, inaugurado em dezembro de 2012, consumiu R$ 34,1 milhões dos cofres públicos.

Segundo o presidente da Casa, Pery Cartola (PSDB), perícia contratada pelo Legislativo – da Servare Engenharia Predial e Consultoria – apontou falhas no sistema de ar-condicionado, nos elevadores, no telhado, em pisos, nas caixas-d’água e na parte elétrica. Há também necessidade de adequações hidráulicas, de elaboração de laudo de estabilidades de pilares e paredes, além de reparos em infiltrações.

A estimativa de custo é de R$ 300 mil a R$ 500 mil. Mas a Cronacon – empresa responsável pela obra original – ficará responsável por todos os consertos sem onerar as contas da Câmara. O acordo entre as partes foi assinado ontem.

“Vejo toda essa situação com muita tristeza, porque envolveu gastos públicos. Se não houvesse esse acordo, seria mais gasto público”, disse Pery.

No começo do ano, o tucano ameaçou enquadrar a Cronacon na lista de empresas inidôneas do TCE (Tribunal de Contas do Estado), já que a empreiteira não se mostrava disposta a executar os reparos sem cobrar pelo serviço. Carta foi redigida para o TCE, porém a empresa aceitou a negociação. Caso ingressasse na lista de inidoneidade, a Cronacon ficaria impedida de contratar com o poder público.

“Se todos os reparos forem feitos conforme apontado no laudo que contratamos, acredito que esse assunto (de judicializar o caso) será superado”, emendou o presidente da Câmara.

As obras estão previstas para terminar no dia 30 de junho. A perícia contratada pediu também que haja teste no sistema de combate a incêndios (detectores de fumaça, bombas e alarmes).

A construção do prédio legislativo era, inicialmente, um projeto de reforma das dependências. O orçamento original previa gasto de R$ 28,4 milhões, porém a Casa despendeu R$ 34,1 milhões. A estrutura foi idealizada pelo ex-presidente Hiroyuki Minami (PSDB), hoje secretário de Desenvolvimento Econômico. Ele sempre afirmou que não houve irregularidades no projeto.

A Câmara foi inicialmente inaugurada no dia 12 de dezembro de 2012, véspera do fim do mandato de Minami como presidente. Falhas eram visíveis e havia falta de documentação – o prédio não possuía, por exemplo, AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros).

Ministério Público e TCE (Tribunal de Contas do Estado) ainda analisam a obra. Não houve decisão emitida nas duas linhas de investigações abertas.