Ao optar por se agarrar ao poder, dizendo que não renuncia mesmo diante do aumento das evidências de que cometeu vários crimes no exercício da Presidência da República, Michel Temer (PMDB) coloca em risco a recuperação econômica do Brasil. O País sangra junto com o chefe do Executivo. Todas as conquistas obtidas no último ano, a custo do sacrifício da população, entram em xeque e perigam desaparecer, tragadas pela incerteza e pela instabilidade política que assumiram o protagonismo desde que, na noite de quarta-feira, vieram à tona trechos das denúncias do empresário Joesley Batista ao Ministério Público.

E as revelações não param de causar estragos. Além de abaterem mortalmente Michel Temer – flagrado em conversa amistosa com interlocutor que lhe confessa toda sorte de ações para barrar a Operação Lava Jato – e um dos aliados de primeira hora do governo, o senador Aécio Neves (PSDB) – gravado enquanto acerta o pagamento de R$ 2 milhões em propina –, as delações de Batista envolvem também dois ex-presidentes petistas, Luiz Inácio Lula da Silva e a sucessora Dilma Rousseff.

A extensão dos tentáculos do grupo empresarial JBS é tamanha que se fala em quase 2.000 políticos abastecidos com dinheiro ilegal, do presidente da República a vereadores das mais remotas cidades do País. Todos os holofotes desta trama gigantesca seguirão voltados para Brasília enquanto Michel Temer permanecer dando as cartas no Palácio do Planalto. Pobre Brasil, que não tem homens públicos à altura de sua grandeza.

O nível de corrupção e desfaçatez é tão grande que os brasileiros parecem ter perdido o parâmetro do que é certo e errado. Tanto que Joesley Batista, que enriqueceu à custa de dinheiro público, financiado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a juros de pai para filho, é transformado em herói nacional e segue a viver confortavelmente nos Estados Unidos, graças aos golpes que aplicou e a um acordo complacente com o Ministério Público, enquanto o País se esfarela.