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Palavra do leitor
Do Diário do Grande ABC
16/05/2017 | 10:14
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Artigo

Em algumas décadas a tecnologia revirou a economia e o nosso modo de viver. O corpo ganhou nova extensão com os celulares e a internet. Negócios tradicionais entraram em processo de extinção, outros nunca imaginados surgiram. Elite de empreendedores ascendeu nas listas de bilionários. Para o futuro próximo esperam-se mais surpresas nascidas das pesquisas com inteligência artificial, reconhecimento de imagens, carros autônomos, drones. No admirável mundo da era digital quase tudo mudou ou parece em vias de mudar. Exceto por um aspecto: a desigualdade permaneceu a mesma ou, pior, pode ter aumentado.

Thomas Piketty, autor de O Capital no Século XXI, e o cosmólogo Stephen Hawking puseram o dedo na ferida. Denunciaram que a economia da inovação e da tecnologia aumentou a procura por profissionais superqualificados, enriqueceu empreendedores e, por outro lado, espremeu os salários de profissionais menos qualificados. Se isso incomoda nos países ricos, com mais razão ainda deveria nos preocupar. Como fazer para que o investimento em tecnologia, em lugar de aumentar a desigualdade, seja ferramenta para reduzi-la?

Para Marc Andreessen, criador do Netscape, a desigualdade pode ser associada não ao excesso, mas à escassez de tecnologia. Em áreas vitais como Educação, Saúde, medicamentos, os preços não baixaram como resultado do impacto tecnológico sobre a produtividade e há muralhas, postas por cartéis e corporações, para protegê-las das disrupturas.

Uma estratégia de desenvolvimento tecnológico para o País deveria concentrar-se em mobilizar não só recursos públicos, mas também os recursos e as forças inovadoras do mercado. A Khan Academy disponibiliza gratuitamente material didático para todos os níveis. A Nanodegree, bancada por corporações gigantes, oferece formação profissional gratuita de alto nível. A Udacity concorre com Harvard em cursos sofisticados, como a construção de carros autônomos, com custos muito menores. AltSchool tem rede de escolas e desenvolve softwares com que pretende reinventar os sistemas de ensino privado e público.

Podemos ir a essas fontes em busca de soluções para que a tecnologia nos ajude a ampliar o alcance do sistema educacional, a melhorar a qualidade do ensino em todos os níveis e, também, a atender as carências de informação da população. Para que isso se possa efetivar, é preciso viabilizar o acesso universal à internet. O importante é que o desenvolvimento tecnológico venha para provocar disrupturas também na desigualdade social.

Arie Halpern é economista, empreendedor, CEO da empresa irlandesa Tonisity e diretor da Gauzy Technologies.

Palavra do Leitor

Bons contratos

É impressionante quando você abre o jornal e vê estampada a seguinte reportagem: ‘fulano de tal contratado para a função de secretário não sei das quantas, com salário tipo R$ 10 mil, mas, com representações e não sabemos mais o que, podendo chegar a R$ 20 mil’. O que chama a atenção disso tudo é que ninguém é contratado com o salário mínimo e, com representações e outras verbas, chegaria a cinco mínimos, que é o teto estipulado para todos os brasileiros que realmente trabalharam, e hoje estão aposentados. O interessante é que os entendidos em economia que querem cortar os gastos públicos estão enxugando o chão com a torneira aberta. Com essa matemática só se acontecer um milagre.
Sérgio Antônio Ambrósio
Mauá

Abolição

Em 13 de maio de 1888 foi sancionada pela princesa Isabel a lei imperial 3.353, conhecida como Lei Áurea, que se diz do que é brilhante ou de muito valor, e que nada tinha a ver com isso. Depois de 329 anos de escravidão visando atender aos interesses econômicos britânicos pela ampliação de seu mercado consumidor em solo brasileiro e a imigração de trabalhadores europeus, nada tinha de áurea a lei que ‘libertou’ os escravos e os jogou nas ruas à própria sorte, sem moradia, Educação, Saúde, emprego, indenização ou direitos trabalhistas. Passados 129 anos da aprovação da lei, a luta por políticas compensatórias ou ações afirmativas e contra o racismo e melhor e maior participação no mercado de trabalho é a bandeira do movimento negro, que enfrenta resistência na sociedade hipócrita e racista que não reconhece a dívida histórica deste País, que foi o último no mundo a acabar com a exploração do homem pelo homem motivada pela cor da pele.
Gecimar Evangelista
Mauá

Resposta

A Secretaria do Estado da Educação informa ao leitor Carlos Alberto de Oliveira (Ridículas e infundadas, dia 13) que no Estado de São Paulo nenhum professor receber abaixo do piso nacional (R$ 2.228). Ao contrário do que afirma o leitor, grande parte da categoria recebe R$ 2.415 como média salarial – valor 5,1% superior ao piso nacional. Vale ressaltar que a secretaria acredita na valorização profissional e mantém mesa de negociação aberta com os sindicatos da categoria. Por fim, informamos que, apesar da crise financeira que assola o País, a Secretaria do Estado da Educação manteve nos anos de 2015, 2016 e 2017 o pagamento de bônus aos servidores, que somaram investimento de quase R$ 2 bilhões.
Secretaria do Estado da Educação

Nossa água

Informo à Sabesp e aos órgãos responsáveis pela qualidade de nossa água que percebo, na prática, que a turbidez está comprometida e a água apresenta excesso de barro e sujeiras. Sempre utilizei filtro de água, mas, de um ano para cá, o refil não dura nem um mês e já entope, ficando inviável trocar todos os meses. Então, em março comprei filtro de barro, mais fácil de limpar as velas sujas, e observei que, em uma semana, já não filtrava mais de tanta sujeira acumulada. Acho que água com tantas impurezas não pode ser chamada de potável. Sem dúvidas prejudica a saúde dos munícipes. É uma vergonha termos reservatório imenso e suficiente para abastecer a todos, só que sem qualidade satisfatória à Saúde. Solicito aos orgãos responsáveis ação fiscalizatória e corretiva. O problema ocorre na Rua Cristiano Angeli, no bairro Assunção, em São Bernardo.
Ivanir de Lima
São Bernardo

Uniforme

Todo o ano é a mesma ladainha com relação às licitações para a compra dos uniformes e materiais escolares. Os participantes das concorrências públicas recorrem ao Tribunal de Contas do Estado e o órgão manda, por conta das irregularidades, suspender os certames. Ocorre que já estamos praticamente na metade do ano e estudantes de quatro cidades da região (São Bernardo, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires) ainda não receberam seus uniformes (Setecidades, dia 6). Como é comum em todo início letivo ocorrer a mesma situação? O certo seria o preparo de edital bem elaborado, sem falhas ou, em alguns casos, sem mutretas. Mas, como isso parece impossível, é preciso pensar em alternativas para que milhares de estudantes não fiquem na mão. Sugiro que cada aluno receba da Prefeitura um cheque e, de posse do mesmo, adquira seu uniforme onde desejar. Acredito que essa medida trará benefícios, como, por exemplo, prestigiar e estimular o comércio local. Os impostos retornariam para os cofres municipais, além de acabar de uma vez por todas com essa triste novela.
Roberto Canavezzi
São Caetano 




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