Quarta-feira, 10 de maio de 2017. Exatamente no mesmo dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, tensionando ainda mais o cenário político nacional, o presidente Michel Temer (PMDB) fez discurso importante em cerimônia no Palácio do Planalto. O peemedebista demonstrou preocupação com o acirramento do conflito ideológico entre brasileiros, chegando a relacioná-lo às dificuldades de o País retomar os rumos do desenvolvimento.

Enquanto Lula respondia em Curitiba, no Paraná, à acusação de que recebeu R$ 3,7 milhões em propina, na forma de apartamento triplex no Guarujá, ruas e redes sociais exibiam os efeitos de uma Nação dividida. Moro e o ex-presidente se alternavam nos papéis de herói e vilão, a depender da cor partidária de quem se manifestava. A militância baseada apenas no maniqueísmo da luta entre o bem e o mal cega a razão.

Coube a Temer fazer a leitura do momento e a admoestação: “O País não pode ficar nesse embate de brasileiro contra brasileiro. É preciso eliminar uma certa ‘raivosidade’ que muitas vezes permeia a consciência nacional. Precisamos ter paz e tranquilidade e saber que nada vai impedir que o Brasil continue a trabalhar”. O presidente tem razão. Enquanto os ânimos se acirram, as reformas necessárias para que a Nação volte a se desenvolver econômica e socialmente ficam emperradas – ou avançam sem o debate de ideias que poderia enriquecê-las.

Este Diário, que vem já há algum tempo, aqui mesmo neste espaço, demostrando preocupação com o tensionamento do debate político, saúda a declaração de Michel Temer. E espera que, de fato, o Brasil se pacifique. Não é bom que o País vá para as urnas, em outubro de 2018, imerso neste clima de animosidade. Rancor e ressentimento costumam resultar em ditaduras, muitas vezes sanguinárias, como demonstra a história, essa senhora que sempre está com a razão. Divergências políticas são saudáveis e bem-vindas, mas nunca devem ser confundidas com ódio.