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Quando o racismo aparece e diz o que ninguém quer ouvir
24/04/2017 | 08:30
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Quando o diretor carioca Gustavo Paso pensa na formação dos atores no Brasil, ele fica preocupado. Na sala de ensaio de Race, o texto do norte-americano David Mamet dispensa o psicologismo habitual de muitos intérpretes brasileiros. "O mais importante é o que os personagens dizem e não seu histórico de possíveis traumas, dores e achismos", conta. "Quero a força das palavras na cena."

Em cartaz no Viga Espaço Cênico, a montagem apresenta a construção de defesa de um homem branco acusado de estuprar uma jovem negra. A equipe de trabalho integra dois sócios - um branco e um negro e uma jovem recém-formada, também negra. Nenhum desses rótulos servirá para antecipar o que os personagens dizem e pensam. "Esse ambiente faz com que eles falem livremente sobre suas opiniões, sem que exista um filtro moral", diz.

Aos poucos, a relação de trabalho entre os profissionais também revela cenas de machismo e opressão contra a jovem. "Isso ainda é tratado como normal, até mesmo entre artistas", explica Paso. "Quando existem mulheres em funções executivas, elas precisam mostrar força para que sejam respeitadas entres os homens."

O espetáculo faz parte de uma trilogia de peças do dramaturgo iniciada com Oleanna (2014), que retrata um embate de uma adolescente que acusa seu professor de assédio sexual. A montagem que encerra o projeto é Speed The Plow, traduzida como Hollywood e que estreia no Teatro Poeira, no Rio, no dia 5 de maio.

A montagem vai debater as relações de trabalho, dessa vez entre profissionais da indústria cinematográfica. Na peça, dois produtores, um deles vivido por Ricardo Pereira, querem fazer um filme de sucesso com um artista famoso, até que a secretária apresenta um roteiro não comercial e convence um deles de que será um grande projeto. No ano passado, Mamet anunciou que estava adaptando a peça para o cinema, com Anne Hathaway no elenco.




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