Economia Titulo Desemprego
Região demite pelo 28º mês consecutivo

Indústria segue como o setor mais crítico;
primeiro trimestre de 2017 registrou 4.826 baixas

Gabriel Russini
Especial para o Diário
21/04/2017 | 07:02
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Divulgação


Pelo 28º mês consecutivo, o saldo de empregos (contratações menos demissões) ficou negativo no Grande ABC. Em março, 1.979 trabalhadores com carteira assinada foram demitidos, resultado mais amargo do que o registrado em fevereiro, que eliminou 728 postos, mas ainda atrás do de janeiro, que verificou 2.119 empregos a menos.

Quando comparado ao desempenho do mercado de trabalho regional em março do ano passado, no entanto, o cenário é mais ameno e mostra desaceleração; à época, houve 5.291 dispensas.

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), foram levantados pela equipe do Diário.

A maior parte das demissões da região foi efetuada pela indústria, que eliminou 890 vagas no mês passado, patamar similar ao de fevereiro, ao extinguir 856 chances após a leve alta de 421 oportunidades em janeiro. Devido à grande concentração de empresas no setor automobilístico, um dos mais afetados pela crise econômica, as sete cidades demoram mais para se recuperar da crise.

Após registrar saldo positivo de 35.612 postos em fevereiro e interromper série seguida de 22 meses de queda, o Brasil voltou a fechar no vermelho, com 63.624 empregos encerrados em março. Outro setor que apresentou mau desempenho em março no Grande ABC foi o de serviços. O ramo atingiu saldo negativo de 471 postos de trabalho, enquanto que em fevereiro houve acréscimo de 146 oportunidades.

Ao analisar as sete cidades, a que apresentou a maior dispensa de funcionários com carteira assinada foi São Bernardo, com 1.113 cortes, o que correspondeu a cerca de 56% dos demitidos na região.

Na avaliação do coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, o resultado negativo não traz novidades. “O cenário é reflexo da recessão dos últimos dois anos. Apesar de a economia já mostrar sinais de melhora, o emprego é o último a reagir porque necessita de investimentos”.

As demais cidades também apresentaram desempenho ruim em março: Santo André (-431), Diadema (-332), São Caetano (-92), Ribeirão Pires (-55) e Rio Grande da Serra (-11). Somente Mauá apresentou saldo positivo, com 55 postos a mais.

Já em relação ao trimestre, todas as sete cidades registraram saldo negativo, totalizando 4.826 baixas. São Bernardo está na frente com 1.694 vagas a menos, em seguida vem São Caetano, com 1.025; Santo André (-1.005); Diadema (-613); Ribeirão Pires (-266); Mauá (-186) e por fim, Rio Grande da Serra (-37).

No mês passado, os setores de comércio e construção também verificaram baixas, de 371 e 247 postos a menos.

Na opinião de Balistiero, a aprovação das reformas formuladas pelo governo pode fazer com que a retomada na economia seja menos lenta, mas ele também ressalta a dificuldade do governo em aprová-las. “Acredito que a tendência para este ano é a desaceleração no número de demissões, o que não é algo que podemos considerar positivo. Despencamos do décimo andar em 2016, agora estamos caindo do quinto”.

É válido ressaltar que o cenário contribui à recuada nos cortes, já que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reduziu a taxa Selic de 12,25% para 11,25% no início do mês, e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do trimestre está em 0,96%, o menor desde o início do Plano Real em 1994. 




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