Política Titulo Editorial
Voo de galinha
Do Diário do Grande ABC
19/04/2017 | 11:24
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Aline Pietri/DGABC


Para definir as oscilações no ritmo de crescimento dos países, os economistas cunharam a expressão ‘voo de galinha’. Quando o desenvolvimento avança aos solavancos, em um constante sobe e desce, recorre-se ao termo, que encontra parâmetro na baixa autonomia que as aves domésticas têm para se sustentar no ar. Infelizmente, o Grande ABC experimenta esse fenômeno, como comprova a mais recente pesquisa de emprego e desemprego realizada pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) feita junto às empresas associadas.

A atualização dos números coloca freio no entusiasmo gerado em janeiro, quando a indústria da região registrou a primeira alta no saldo de empregos após sequência de 23 quedas. O balde de água fria, todavia, veio logo no mês seguinte, quando foram extintas 700 vagas nas sete cidades. Março terminou com 1.120 vagas fechadas, configurando nitidamente o voo de galinha.

Há, evidentemente, algo de positivo a se extrair das estatísticas ora divulgadas. Embora a indústria do Grande ABC ainda sofra com a crise e continue eliminando postos de trabalho, o ritmo tem desacelerado e, em março, foi 50% menor do que era há um ano. No acumulado dos 12 meses, o setor desligou 15.850 trabalhadores na região, o equivalente a 43 cortes por dia ou dois por hora. No terceiro mês de 2016, considerados os mesmos parâmetros, haviam sido contabilizadas 31,6 mil demissões, o equivalente a 86 dispensas diárias.

A instabilidade política enfrentada pelo Brasil, que coloca em risco a aprovação de medidas capazes de equilibrar as contas, como as reformas trabalhista e previdenciária, é o maior adversário do desenvolvimento do País, com potencial suficiente para condená-lo a um eterno voo de galinha. A Nação só experimentará períodos mais longos de estabilidade quando resolver algumas questões fundamentais, como as duas já elencadas. Infelizmente, Executivo e Legislativo, que poderiam realizá-las, estão envolvidos até o pescoço em gravíssimos escândalos. E o trabalhador segue pagando a conta. 




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