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Indústria da região demite 43 por dia

Ritmo de cortes, porém, desacelera e
está 50% menor que em igual período de 2016

Gabriel Russini
Especial para o Diário
19/04/2017 | 07:27
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Divulgação


Apesar de a indústria do Grande ABC ainda sofrer com a crise e continuar eliminando postos de trabalho, o ritmo é 50% menor do que há um ano. No acumulado dos 12 meses terminados em março, o setor desligou 15.850 trabalhadores na região, o equivalente a 43 cortes por dia ou dois por hora. Um ano atrás, haviam sido contabilizadas 31,6 mil demissões no ano encerrado em março, o equivalente a 86 dispensas diárias.

Os dados são do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e provêm de pesquisa realizada com as empresas associadas.

Outro dado que mostra a desaceleração na velocidade das dispensas no ramo industrial das sete cidades é o balanço do primeiro trimestre. Embora 1.900 pessoas tenham perdido o emprego no período, de janeiro a março de 2016 o número de cortes chegou a 6.150 – 4.250 a mais. Na comparação anual, o compasso é o mesmo: no mês passado foram fechadas 1.120 vagas, enquanto que em março do ano passado, 2.500.

É válido ressaltar, porém, que, no trimestre, o pior desempenho se concentrou em março, já que em fevereiro foram registradas 700 demissões. E, em janeiro, havia sido interrompida sequência de 23 cortes, com a contratação de 150 profissionais.

O resultado foi influenciado pelos desempenhos negativos de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-1,38%); veículos automotores e autopeças (-0,43%); metalurgia (-0,84%) e produtos alimentícios (-0,67%). São Bernardo foi a cidade que mais demitiu, com 1.000 dispensas.

Na avaliação do diretor regional do Ciesp de São Caetano, Vladimir Shiea, apesar do resultado do mês passado, o ano de 2017 indica sinais de retomada. “Está muito cedo para dizer, mas se o atual panorama do índice inflacionário e dos juros seguir como está, em trajetória de queda, as linhas de financiamento irão voltar e, como consequência disso, o investimento e as contratações também”, afirma.

No mês passado, a inflação oficial do País, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), alcançou 0,25% – o mais baixo patamar para o mês desde 2012, quando a variação tinha sido de 0,21%. No primeiro trimestre do ano, registrou 0,96% – menor marca desde 1994 – e, no acumulado de 12 meses, 4,33%.

Há uma semana, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) promoveu a quinta queda seguida da taxa Selic, que rege a economia brasileira, ao reduzir o percentual de 12,25% para 11,25%. Trata-se de patamar similar a setembro de 2014, quando a alíquota estava em 11%.

Apesar da perspectiva positiva para os próximos meses, Shiea mantém a cautela. “As melhoras não são exatamente algo positivo, mas já é alguma coisa. Os empresários e investidores não costumam investir no setor produtivo de um dia para outro, e a efetiva melhora deve ocorrer só em 2018”. 




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