Justamente no momento em que o Brasil atravessa uma das piores crises de sua história no que se refere à corrupção envolvendo políticos e empresários de alto coturno, no rastro da Operação Lava Jato, o bispo diocesano de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini, foi contundente nas críticas àqueles que se valem dos cargos nas mais altas esferas do poder para se locupletar e encher os bolsos com o dinheiro público. Recursos espúrios que lhes garante viver no luxo e, por que não, na luxúria, enquanto a maioria dos brasileiros que paga boa parte dessa vida nababesca com o suor do seu trabalho conta moedas no fim do mês para colocar o pão na mesa. Isso quando ainda sobram algumas moedas.

O duro recado, que deve ser levado muito em conta por aqueles que foram colocados no poder para cuidar dos interesses do povo, foi proferido também em momento especial, durante a Missa de Lava-pés na Catedral do Carmo, em Santo André, na noite de ontem, e registrado por este Diário. As críticas foram dirigidas diretamente aos políticos e agregados que têm feito do Congresso Nacional e de salas do Palácio do Planalto, a sede da Presidência, verdadeiras trincheiras de negociatas que drenam bilhões dos cofres públicos, dinheiro que deveria ser usado para dar uma vida digna a milhões de brasileiros.

Os ‘mísseis verbais’ disparados pelo bispo foram dirigidos a Brasília, mas que sirvam de alerta também para prefeitos e vereadores das sete cidades do Grande ABC. Os primeiros têm a dura missão de garantir a uma população de cerca de 2,7 milhões de habitantes serviços públicos de qualidade, e sabedoria para fazer isso em momento de crise econômica tão grave quanto a política. O segundo grupo tem o dever de fiscalizar as ações dos prefeitos e cobrar caso se desviem da rota.

E, obviamente, também não devem cair em tentação e deixar pelo caminho o compromisso que assumiram quando saíram às ruas para pedir votos. Trabalhar e defender os interesses do povo é o que deve mover quem se dispõe à vida pública. Não fazer da corrupção a escada para chegar ao cofre.