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Distúrbios na Venezuela enfraquecem controle do poder de Maduro, diz consultoria
13/04/2017 | 20:47
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Os crescentes distúrbios na Venezuela, com protestos massivos que chegam mesmo a bastiões do chavismo, sugerem que a dinâmica social no país pode estar mais perto de um ponto de inflexão, avalia a Eurasia. Segundo a consultoria, o chavismo parece por ora comprometido com o presidente Nicolás Maduro, porém uma oposição mais unificada, a forte condenação internacional e a crescente pressão das ruas têm o potencial de aprofundar fissuras já existentes no regime.

A Eurasia diz que o comportamento mais autoritário do governo de Maduro revigora a oposição, com protestos recentes atraindo mais participação que outras mobilizações deste ano. Além disso, destaca que os protestos ocorrem mesmo em áreas antes controladas pelos governistas, o que sugere que o movimento se dissemina para além das linhas antes existentes entre governo e oposição.

"Até agora, o governo tem sido capaz de confiar na Polícia Nacional e na Guarda Nacional para conter protestos", diz a consultoria. "Mas as tradicionais Forças Armadas podem relutar em usar a violência em larga escala contra civis para defender o regime, portanto se Maduro precisar convocar essas forças de segurança às ruas isso pode levar certos setores dos militares a abandoná-lo", afirma. A consultoria lembra que uma das principais variáveis que levaram Maduro a reverter parcialmente uma decisão judicial que deixava o Tribunal Supremo de Justiça com poder para legislar foi a oposição de graduados militares, diante do potencial de protestos disseminados.

A Eurasia avalia que agora a situação é distinta. Segundo ela, o desafio da oposição será manter a força nas ruas mesmo diante do "alto grau de repressão" do governo. Agora, porém, a Eurasia vê a oposição mais unificada que antes, um maior alerta na comunidade internacional e uma mudança "dramática" no panorama regional, com líderes mais conservadores no poder em países como Brasil, Argentina, Peru e México e pressão do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro. Além disso, os distúrbios mostram fissuras dentro do chavismo. A consultoria diz que um fator a complicar a dinâmica interna é que parece provável que Maduro convoque eleições locais e regionais para aliviar a pressão internacional e como forma de distrair a oposição com primárias e com suas próprias candidaturas.

A Eurasia julga a combinação dessas variáveis como um complicador para o controle do poder por Maduro. Segundo ela, os eventos das últimas semanas sugerem que o quadro doméstico pode mudar e a pressão internacional, crescer. Ela lembra, porém, que Maduro já pareceu fragilizado anteriormente, mas conseguiu sobreviver. A consultoria diz que, mais adiante, estará atenta à evolução dos protestos nas ruas e à chance de forte repressão oficial. Caso as manifestações se disseminem, parte dos governistas pode mudar de lado, avalia a Eurasia. O quadro também dependerá da capacidade da oposição de se manter como uma frente unida, particularmente em relação às eleições regionais e locais, caso o governo opte por essa tática, como parece provável.

Uma eventual transição de poder seria volátil, mas rápida, segundo a consultoria. A relutância dos militares em usar a violência significa que provavelmente não haverá um conflito prolongado e que os distúrbios sociais não se arrastariam por meses, aponta ela.




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