Depois de um mês e meio, o técnico Claudio Ranieri concedeu nesta segunda-feira sua primeira entrevista desde que foi demitido do Leicester. O italiano não escondeu que ainda se incomoda por ter sido dispensado apenas meses depois de levar o clube a um dos títulos mais improváveis da história do esporte, com a conquista do Campeonato Inglês da temporada passada, mas evitou culpar os jogadores pela decisão da diretoria.

O técnico encarou com naturalidade a evolução do Leicester após sua demissão. Depois que o auxiliar Craig Shakespeare assumiu, a equipe embalou seis vitórias seguidas e deixou a briga pelo rebaixamento no Campeonato Inglês, o que levantou rumores sobre um possível "corpo mole" dos atletas para que Ranieri fosse sacado. "Não acredito que meus jogadores me mataram. Não, não, não", disse à rede de TV Sky Sports.

Após a improvável conquista na última temporada, Ranieri não conseguiu repetir o desempenho no Inglês e viu o Leicester flertar com o rebaixamento, apesar de se classificar à segunda fase da Liga dos Campeões. E se descartou ligar esta queda de rendimento a um possível desinteresse dos jogadores, o treinador admitiu que tinha alguns desafetos na diretoria do clube.

"Talvez eu tivesse algumas pessoas atrás de mim que me traíram, mas sou um homem leal", disse, ao se recusar a dar os nomes destes possíveis "traidores". "Eu também tive um pouco de problema no ano anterior, mas fomos campeões. Talvez este ano, quando perdemos, estas pessoas forçaram um pouco mais."

O que Ranieri não superou foi o fato de ter sido demitido após a primeira partida com o Sevilla nas oitavas de final da Liga dos Campeões. O Leicester foi dominado pelo adversário na Espanha, mas reagiu no fim e arrancou um gol na derrota por 2 a 1. Foi justamente este gol fora de casa que permitiu a classificação da equipe na volta, em casa, quando venceu por 2 a 0 já sob o comando de Shakespeare. "Pensei: 'Por que fui sacado?'. Porque achei que o jogo com o Sevilla seria o ponto de virada", lembrou.