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Mais de 2 mil vão a velório de bombeiros mortos na Nestlé
Javier Contreras
e Kléber Werneck
Do Diário do Grande ABC
28/09/2001 | 22:50
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Mais de duas mil pessoas foram na manhã desta sexta ao velório do sargento Alail Alves Benício, 51 anos, e do tenente Carlos Alberto Teixeira, 43, no ginásio do Baetão, em São Bernardo. Os bombeiros morreram durante combate ao incêndio que se iniciou na segunda-feira em um dos depósitos da Nestlé, no mesmo município, mas seus corpos só foram encontrados na quinta.

Muitos familiares, amigos e colegas de profissão foram prestar as últimas homenagens aos bombeiros. O velório começou às 8h e terminou por volta das 14h, quando o primeiro caixão – com o sargento Benício – foi colocado em uma viatura do corpo de bombeiros e levado em cortejo até o cemitério do Araçá, em São Paulo, onde foi sepultado no mausoléu da Polícia Militar. Batedores da PM se encarregaram de liberar o trânsito para a passagem do cortejo. Cerca de 30 minutos depois, o caixão com o corpo do tenente Teixeira foi levado da mesma maneira e enterrado no cemitério Vale da Paz, em Diadema, a pedido da família.

Familiares lamentavam as mortes, mas comentavam o fim da angústia dos quatro dias em que mantiveram a esperança de que os bombeiros fossem encontrados com vida em meio aos escombros. “Já não estou tão triste porque fico pensando no orgulho que tinha do meu pai. É claro que choro, mas é porque sinto saudade dele”, disse a filha do sargento Benício, Yara Blazquez Benício, 21. A mesma opinião tem Rita de Cássia Teixeira, viúva do tenente. “Tivemos a certeza do fim da esperança que ainda mantínhamos. A agonia acabou,

mas está muito doloroso enfrentar tudo isso”, disse.

Durante o velório, vários amigos se reuniam e comentavam histórias sobre o passado. “Desde criança, o Alail (Benício) foi muito prestativo e queria sempre ajudar as pessoas. Quando havia enchentes na região da divisa de São Caetano e São Paulo, onde morávamos, ele saía para a rua e tentava ajudar as vítimas. Sempre quis ser bombeiro”, disse o amigo de infância Sérgio Luiz Rodrigues, 52. O desempregado Luiz Balbino da Costa, 48, foi ao velório se despedir de seu herói. “Em 1999, o tenente Teixeira me salvou, depois de uma enchente que provocou o desabamento de várias casas. Eu fiquei soterrado e ele me salvou. Sempre o considerei um herói, não por salvar minha vida, mas a de muitas pessoas”, disse.




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