Economia Titulo Na região
Em um ano, construção elimina 4.548 postos
Gabriel Russini
Especial para o Diário
21/03/2017 | 07:02
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A indústria do setor de construção civil fechou 4.548 postos de carteira assinada no período de um ano encerrado em janeiro, o que equivale a 12 cortes por dia. No primeiro mês de 2016, havia 45.358 profissionais registrados nas construtoras que atuam na região. No primeiro mês deste ano, porém, o estoque de trabalhadores baixou para 40.810, o que, em números, significou corte de 4.548 operários. Em janeiro de 2015, o setor contava com 46.889 empregados, ou seja, de lá para cá, o volume de demitidos chega a 6.079. Os dados foram levantados pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo).

Considerando o desempenho em janeiro, frente a dezembro, Ribeirão Pires amargou a maior redução, com 79 baixas, seguido por Diadema, com 69; São Bernardo, com 67; e Santo André, com 57 demissões. Ao todo, o volume de demitidos chegou a 322 pessoas. Para efeito de comparação, no mesmo período do ano passado tinham sido contratados 830 profissionais.

No Brasil, a construção eliminou 1.282 vagas nos primeiros 31 dias do ano. Significa que a região representa 25% desse total. Trata-se da 28ª queda consecutiva, deixando o estoque de trabalhadores no setor em 2,49 milhões. Em outubro de 2014, primeiro mês de variação negativa, o estoque era de 3,57 milhões.

Na região, apenas São Caetano registrou saldo positivo em janeiro, com a geração de 178 postos de trabalho. Questionado sobre o desempenho da cidade, o presidente do Sindicato dos Construtores da Indústria de Construção Civil de São Caetano, José Maria de Albuquerque, afirma que a realidade vivida é outra. “São Caetano registrou 2.000 homologações até dezembro, é sem dúvida uns dos municípios mais prejudicados”, disse.

Albuquerque também atribuiu a queda de empregos no setor em razão da lei de verticalização instituída no Plano Diretor Estratégico de 2015. O projeto, aprovado na gestão de Paulo Pinheiro (PMDB), estipula diretrizes para os próximos dez anos, em que o tamanho da construção não pode ultrapassar a maior construção da cidade, que possui 22 andares. “Muitas pessoas perderam o emprego nos últimos anos, acredito que vamos dialogar mais com a nova gestão e, se Deus quiser, voltar a gerar empregos na área.”

De acordo com a pesquisa imobiliária anual feita pela Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), São Caetano foi a única cidade a não lançar empreendimentos imobiliários em 2016.

CRISE - Na avaliação da diretora da Regional de Santo André do SindusCon-SP Rosana Carnevalli, o principal fator para o atual panorama na região é o momento ruim da indústria, principalmente do setor automobilístico. “Somos (setor da construção civil) o primeiro a cair e o último a se levantar, em épocas de insegurança econômica, a troca ou compra de um imóvel é a última coisa a se fazer em razão do alto investimento.” Conforme a Acigabc, por conta da crise, a região efetuou a venda de 2.962 imóveis, 40,03% a menos do que em 2015, quando foram comercializadas 4.939 unidades.

Para este ano, Rosana já vê mobilizações como a redução da taxa de juros e queda nos índices de desemprego, mas ainda acredita em estagnação do cenário. “Nossa expectativa é de crescimento de 1%.”
 




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