Economia Titulo Previdência
Temer diz que não irá tirar direito de ninguém

Para ele, reforma previdenciária vai evitar colapso;
atos contra proposta ocorrem no País e na região

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
16/03/2017 | 07:21
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Marina Brandão/DAGBC


Em dia de protestos em todo o País, inclusive no Grande ABC, em que agências bancárias abriram após o meio-dia, unidades do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) não ofereceram atendimento ou atuaram parcialmente, e cerca de 600 operários da Volkswagen se manifestaram contra a reforma da Previdência, o presidente Michel Temer (PMDB) ignorou os acontecimentos e disse que proposta visa salvar o sistema de colapso e “não vai tirar direito de ninguém”.

“Por isso que apresentamos também um caminho para salvar a Previdência do colapso, para salvar os benefícios dos aposentados de hoje e dos jovens que se aposentarão amanhã. Isso, meus amigos, parece ser coisa ‘será que é para tirar direitos das pessoas’? Em primeiro lugar, não vai tirar direito de ninguém. Quem tem direito já adquirido, ainda que esteja no trabalho, não vai perder nada do que tem. Mas é prevenir o Brasil do futuro. Porque não são palavras apenas, são fatos concretos. Vejam o socorro que precisamos emprestar ao Estado do Rio de Janeiro, levado a essa situação pelo fundo de Previdência”, declarou Temer em evento do Sebrae, em Brasília.

Ele comparou o País a seu colonizador e disse que quer evitar cortes maiores no futuro. “Não queremos que o Brasil tenha que fazer como fez Portugal, ou seja, cortar salários dos da ativa e dos aposentados, ao mesmo tempo em que elevava a idade mínima para 66 anos e eliminava o 13º salário. Nós não queremos chegar a esse ponto.”

Dentre os tópicos polêmicos da reforma da Previdência, destacam-se o estabelecimento de idade mínima de 65 anos para se aposentar, a mesma para homens e mulheres, e a exigência de pelo menos 49 anos de contribuições para receber 100% do benefício.

Ao mesmo tempo, a 1ª Vara Federal de Porto Alegre determinou, ontem, que o governo federal retire do ar todo tipo de propaganda sobre a reforma da Previdência. A ação civil pública foi movida por nove sindicatos do Rio Grande do Sul, alegando que a campanha trata de publicidade enganosa, que “violou o caráter educativo, informativo e de orientação social”, “uma vez que difundiu mensagens com dados que não representam de forma fidedigna a real situação financeira do sistema de Seguridade Social brasileiro e que podem induzir à formação de juízos equivocados.” A Advocacia-Geral da União disse que vai recorrer.

NO GRANDE ABC - Os operários da Volkswagen, em São Bernardo, iriam realizar ato ontem passando pela Anchieta e se dirigindo até o INSS do Centro da cidade. No entanto, devido ao Dia Nacional de Paralisação, dos cerca de 9.000 trabalhadores esperados para, inclusive, travar parte da rodovia e ‘fazer barulho’, coordenados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, apenas 600 compareceram à montadora, que não teve expediente de produção. Muitos alegaram que não tiveram como comparecer devido à adesão à mesma causa por parte das empresas de ônibus fretado, que não saíram das garagens. “O governo está atacando nosso direito de se aposentar e temos que fazer algo, já que as regras do jogo mudaram mais uma vez”, desabafou o metalúrgico da Volks Júlio César da Silva, 38 anos.

Os postos do INSS na região também abraçaram a causa, mas não avisaram os segurados, que foram pegos de surpresa. Na unidade andreense, a atendente de loja Zildinha Massei, 57, relatou que funcionários fecharam os portões e deixaram os usuários sem informação em um primeiro momento. “Passaram o cadeado e ficamos ali, debaixo de sol. Começamos a gritar, exigindo que algum representante viesse falar conosco. Só depois de uma hora uma senhora veio dar explicação”, relatou. Das seis agências da região, duas fecharam e quatro operaram parcialmente.

Liderados pelo Sindicato dos Bancários do ABC, os profissionais da classe diminuíram a operação em diversos bancos nos centros de Santo André e São Bernardo. O movimento nas agências voltou ao normal ao meio-dia, quando terminou a assembleia realizada nas duas cidades. Quem foi surpreendido, neste caso, foi conivente com o ato. “Acho que perder um ou outro dia de banco não tem problema. Se todos lutarem pelas mesmas coisas, seremos ouvidos.”

Na Capital, seis quarteirões da Av. Paulista foram tomados por cerca de 250 mil pessoas. O ato foi realizado em conjunto por centrais sindicais como CUT, Força Sindical, UGT e CSB. (Colaboraram Marília Montich e Mikael Schumacher) 




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