No momento em que mais precisa de ajuda externa para manter a qualidade dos serviços públicos, o Grande ABC se vê abandonado pela União. Levantamento realizado pelo Diário mostra que, embora a demanda por serviços públicos nas sete cidades tenha crescido desde 2014, quando a crise financeira começou a criar desempregados em massa, os municípios perderam investimentos federais, cujos valores das remessas, embora nominalmente superiores, foram corroídos pela inflação galopante do período.

A penúria dos cofres municipais, que dependem bastante do dinheiro enviado pelas instâncias superiores de arrecadação, está cada vez mais evidente no Grande ABC. Basta correr os olhos pelas páginas de jornais, que se enchem com os justos reclamos da população. Não é para menos. Além da célere precarização dos serviços públicos, há inúmeros projetos importantes parados ou sequer iniciados, como a construção de unidades de Saúde, creches e centros esportivos.

Com a crise econômica enfrentada pelo Brasil, que só paulatinamente deve ser superada, a tendência é a situação piorar. Tomem-se como exemplo as filas nos consultórios médicos de centros públicos do Grande ABC. Elas incham a olhos vistos, absorvendo o contingente de pessoas que ficam sem assistência privada, garantida pelos planos de Saúde, no momento em que perdem o emprego. O mesmo processo pode ser observado nas escolas. É cada vez maior o número de pais que, premidos pelo orçamento apertado, optam por matricular os filhos em unidades municipais. De onde tirar dinheiro para atender a todos?

Saliente-se que a União não está sozinha ao ignorar as demandas locais. Faz tempo que o governo do Estado, capitaneado por Geraldo Alckmin (PSDB), faz ouvidos de mercador aos apelos da comunidade regional. As eleições gerais, marcadas para outubro do ano que vem, estão chegando. Que o eleitor das sete cidades se lembre de quem, no momento em que mais necessitava, virou as costas para o Grande ABC. Terá chegado então a hora de dar as devidas respostas.