Entristecem a comunidade acadêmica as informações que dão conta da crise enfrentada por uma das instituições de Ensino Superior mais tradicionais do Grande ABC. A situação do Centro Universitário da Fundação Santo André, que o Diário expõe em detalhes na sua edição de hoje, é periclitante. Rombo nas contas, que cresce na proporção de meio milhão de reais por mês, coloca em xeque a manutenção de história iniciada em 1962 e que colaborou para impulsionar o desenvolvimento não só do município andreense, mas o de toda a região.
Instituição de caráter público e direito privado, criada em 1962 por meio da Lei Municipal número 1.840, a Fundação Santo André teve o objetivo inicial de manter a Faeco (Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas), a primeira escola de Ensino Superior do Grande ABC. Atualmente, já com a nomeação de Centro Universitário, gere, junto com a Faeco, a Fafil (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras) e a Faeng (Faculdade de Engenharia Celso Daniel), além do Colégio da Fundação Santo André.

Ou seja, a instituição é muito importante para perecer. Necessário encontrar saída para manter a estrutura educacional em pé. A solução passa, evidentemente, por encontrar as razões que levaram à atual situação. Fontes do mercado educacional especulam que as raízes do problema estariam na leniência com que as faculdades do grupo tratam os alunos inadimplentes. Outra causa seria a abertura de turmas com poucos alunos.

Eis duas questões sensíveis – e polêmicas – inerentes a instituições com algum nível de ligação com o poder público. Embora em certo grau mantidas com dinheiro de impostos, pagos pela população, não podem ser complacentes com eventuais dificuldades financeiras de seus alunos a ponto de inviabilizarem a própria existência. Também é preciso equacionar os custos dos cursos de modo que eles se sustentem financeiramente. Em nome da continuidade do empreendimento, alguma concessão às leis de mercado pode ser feita, sem que isso conspurque os ideais da Fundação.