Dados que embasam a reportagem exclusiva alçada à manchete desta edição do Diário ajudam a compreender os motivos pelos quais a Fundação do ABC protege com tanto ardor suas informações internas. É que certamente causará polêmica a revelação de que os salários pagos pela FUABC aos seus diretores superam os recebidos pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). São R$ 23.324,70 contra R$ 21.631 mensais. Seria muito dinheiro mesmo que a instituição prestasse os melhores serviços de Saúde do País, o que, infelizmente para a sociedade, está longe de ser verdade absoluta.

A reportagem assinada pelo editor Raphael Rocha mostra que a entidade torra mais de meio milhão de reais por mês para saldar os contracheques de 67 cargos de livre provimento, preenchidos sem concurso público, ao sabor das conveniências políticas. São R$ 7,1 milhões por ano! Nada mal para País que, segundo estimativa da OIT (Organização Internacional do Trabalho), chegará a 13,6 milhões de desempregados até o fim de 2017.

É inadmissível que a FUABC, a despeito do orçamento de R$ 2,3 bilhões, desperdice tanto dinheiro com o salário de alguns apaniguados. Por que, por exemplo, gastar R$ 39.136,52 mensais na manutenção da estrutura da diretoria de comunicação se, como denunciou este jornal recentemente, a entidade descumpre inclusive a lei de acesso a informações, que a obriga a divulgar dados essenciais à comunidade? Melhor seria utilizar a verba para ajudar a sanar parte dos inúmeros problemas relacionados aos serviços que ela presta, no Grande ABC ou além de suas fronteiras.

A exposição de dados, inexplicável e ilegalmente mantidos em sigilo por décadas, certamente ajudará a sociedade a fiscalizar com mais rigor os passos dos novos administradores da FUABC. A sociedade exige transparência, especialmente quando se trata de entidade mantida com dinheiro do contribuinte. Escuridão não se coaduna com interesse público. Abrir a caixa-preta da Fundação do ABC é imposição dos novos tempos e missão deste jornal, que a perseguirá incansavelmente.