Política Titulo Revisão
Paço de São Bernardo quer suspender contrato do lixo

Executivo notifica SBC Valorização de Resíduos de processo para cancelar acordo bilionário

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
10/02/2017 | 07:00
Compartilhar notícia
Orlando Filho/DGABC


A administração do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), notificou na quarta-feira o Consórcio SBC Valorização de Resíduos Sólidos Revita e Lara da intenção de suspender o contrato de PPP (Parceria Público-Privada). É o primeiro passo para que o acordo, assinado em 2011 no governo de Luiz Marinho (PT), seja cancelado.

O Diário apurou que dois pontos norteiam o procedimento administrativo encaminhado ao consórcio: o não cumprimento da instalação da usina de incineração de lixo e a ausência de legislação específica para tratar da PPP de destinação final de resíduos sólidos. Esse documento também foi encaminhado ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) e o governo ainda analisa se acionará o Ministério Público sobre o caso.

Pelo procedimento administrativo instaurado pela Prefeitura de São Bernardo, a SBC Valorização de Resíduos Sólidos tem dez dias úteis para responder às acusações. O documento foi assinado pelo secretário de Serviços Urbanos, o vice-prefeito Marcelo Lima (SD). Caso a administração entenda que as falhas apontadas não foram justificadas, o contrato pode ser rompido e o consórcio, declarado inidôneo (pode até ser impedido de ser contratado pelo poder público).

Em 31 de março de 2010, Marinho sancionou a lei 6.024, que trata dos mecanismos de estabelecimento de PPPs no Executivo de São Bernardo. A Agência Reguladora municipal, autarquia vinculada à Prefeitura, entende que essa legislação é abrangente e que deveria haver lei específica para a PPP do lixo. O diretor-presidente da agência é Humberto Ramos Rodrigues, indicado por Morando.

A gestão tucana e a SBC Valorização de Resíduos Sólidos entraram em rota de colisão desde que a base governista do prefeito na Câmara protocolou pedido de CPI para analisar o acordo, na semana passada. Na visão do autor do requerimento, Ary de Oliveira (PSDB), não há devido cumprimento de contrapartidas contratuais, embora o consórcio tenha recebido R$ 727,8 milhões em cinco anos da Prefeitura de São Bernardo. O convênio firmado é de R$ 4,3 bilhões por 30 anos, a partir de 2011.

Nesta semana, funcionários da companhia decretaram greve, que terminou oficialmente na quarta-feira à noite. O consórcio cobra R$ 68,5 milhões em faturas não pagas desde 2014 – a empresa alega que está sem receber com regularidade desde outubro. A gestão reclamou da postura da SBC Valorização de Resíduos Sólidos, que recebeu os R$ 727,8 milhões e não cobrou de maneira enfática o governo Marinho, uma vez que os atrasos datam ainda da administração do petista.

“Com certeza, todos os pontos serão respondidos com clareza e transparência na esfera do processo administrativo”, informou o consórcio, por nota. “É injusto não reconhecer as melhorias implementadas e os investimentos já realizados pela concessionária em favor do município. Temos avaliação excelente por parte dos munícipes em pesquisa realizada por empresa independente. O próprio governo atual reconhece que em pesquisas no período de campanha, a limpeza urbana foi o serviço municipal mais bem avaliado pela sociedade.”

A Prefeitura não se posicionou sobre o caso.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;