Economia Titulo Em São Caetano
GM vai ficar parada por um mês

Montadora concederá 20 dias de férias coletivas
após Carnaval; empresa cogita abertura de PDV

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
07/02/2017 | 07:24
Compartilhar notícia
Anderson Silva/DGABC


A GM (General Motors) em São Caetano ficará paralisada por pouco mais de um mês. Isso porque os cerca de 6.000 operários da linha de produção e afins (reposição de peças de manutenção) param de trabalhar no dia 25, devido ao feriado de Carnaval, e só retornam em 27 de março. A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano.

O motivo para suspender a produção por tanto tempo é a queda nas vendas, de acordo com o vice-presidente da entidade, Francisco Nunes. Isso porque eles acabaram de voltar de férias coletivas, concedidas entre 26 de dezembro e 5 de janeiro.

Nem o fato de o Ônix ser o líder de vendas em 2016 foi suficiente para manter os operários na ativa – a versão de entrada, chamada de Joy, é fabricada na região. “A GM alega que, embora tenha sido o carro mais vendido, o volume de licenciamentos diminuiu bastante. O que aconteceu devido a um enxugamento do mercado como um todo, por conta da crise. A expectativa era a de que todas as montadoras comercializassem 2,6 milhões de unidades no ano passado, mas elas conseguiram apenas 2,1 milhões. A GM deteve 17% desse montante (equivalente a 357 mil, mas esperava atingir 374 mil)”, explica Nunes.

Os dias 1º, 2 e 6 de março serão compensados pelo banco de horas, sob a forma de day-off. As férias coletivas começam no dia 7 e se estendem até 26. Conforme o sindicalista, a montadora norte-americana não descarta prorrogar o afastamento remunerado por mais dez dias, período mínimo para utilizar essa ferramenta, caso as vendas não reajam.

“Estamos muito preocupados e pensando no que pode ser feito para reverter a situação, porque este é um indício de que o emprego está em risco”, afirma Nunes. “A empresa voltou a dizer que vem bancando os funcionários afastados em lay-off (suspensão temporária de contrato de trabalho) desde 2014, e que não tem mais condições de mantê-los neste cenário. Amanhã (hoje) teremos nova reunião para bater o martelo sobre o destino desses trabalhadores, pois eles teriam de voltar na quinta-feira.”

Dos 754 empregados afastados, no entanto, em torno de 300 têm estabilidade. Como esses não podem ser demitidos, eles voltariam à companhia, e outros que estão na ativa poderiam ter o contrato de trabalho rescindido. O sindicato propôs nova renovação do lay-off por mais 90 dias, mas a GM ainda não aceitou.

Desse grupo suspenso, boa parte está em casa há mais de dois anos, pois a fabricante não realizou rodízio entre os profissionais. Como resultado, o salário deles corresponde a cerca de 60% do que recebiam na empresa. Quando o profissional permanece por até sete meses afastado, existe a complementação do vencimento com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) de até R$ 1.643,72, como forma de estimular a manutenção do emprego. Além desse período, a firma é que deve bancar o contracheque.

DEMISSÃO VOLUNTÁRIA - Visando reduzir seu efetivo de 9.000 profissionais, a GM prepara PDV (Programa de Demissão Voluntária), revela Nunes. “Nada ainda foi definido, mas possivelmente a oferta será de um a cinco salários nominais adicionais, conforme o tempo de casa. Perguntamos por que ela não oferecia um carro também, e a resposta foi que a montadora não tem verba para tal. Mas acredito que isso estimularia a adesão por parte dos sequelados que têm estabilidade”, avalia.

No ano passado, a companhia demitiu pelo menos 160 operários que estavam em lay-off e não tiveram seus contratos renovados. Além disso, abriu PDV e recrutou 30 pessoas.

Quanto ao investimento para modificar a estrutura da linha de produção em São Caetano, cuja reforma teria início agora e terminaria em 2019, o sindicalista diz que a empresa não comentou mais nada. Em troca da melhoria, os operários teriam de abrir mão de alguns direitos, que não foram especificados.

Procurada, a GM disse que não iria comentar. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;